Fortalecer a resistência democrática

Diante da escalada autoritária desferida pela extrema-direita, ampliar a unidade de ação em defesa das liberdades democráticas

Editorial 29 de agosto

Nesta semana, entre os dias 27 e 30 de agosto, acontece, no teatro da Universidade Cândido Mendes, no Centro do Rio de Janeiro, um importante seminário com o título “Fórum de Resistência Democrática”. Este evento é fruto de uma articulação chamada “Observatório da Democracia”, organizada pelas fundações de partidos políticos que se colocam como oposição ao governo neofascista de Bolsonaro — PSOL, PCB, PT, PCdoB, PDT, PSB, PROS e PPL.

Na noite da próxima sexta-feira (30), acontecerá um grande ato político com o justíssimo lema: “Na luta a gente se encontra”, com importantes presenças confirmadas, a saber: Marcelo Freixo, Guilherme Boulos, Fernando Haddad, Benedita da Silva, Luiza Erundina, Jandira Feghali, Cinzia Arruzza, David Harvey, entre tantas outras.

Independente das importantes diferenças políticas existentes entre as organizações que convocam esta iniciativa — diferenças que não devem ser escondidas —, acreditamos ser fundamental a unidade de ação para enfrentar os graves riscos às liberdades democráticas em nosso país.

A urgência dessa unidade na luta se deve à profunda escalada autoritária vivenciada nos primeiros oito meses do atual governo. Não vivemos uma normalidade democrática. Sabemos dos enormes limites da democracia liberal brasileira, mas mesmo os mínimos direitos democráticos que conquistamos no passado estão em xeque com o golpe parlamentar de 2016 e a chegada de Bolsonaro ao governo.

Desde o golpe, já enfrentamos a execução da camarada Marielle Franco e do seu motorista Anderson Gomes — um crime político cujo mandante é ainda desconhecido; a intervenção militar na segurança pública do Estado do RJ — aprofundando a política genocida de extermínio da juventude pobre e negra; a condenação sem provas e a prisão política de Lula; a tentativa do ex-juiz Sérgio Moro de passar um projeto de endurecimento penal cujo alvo são os mais pobres e negros; entre outros exemplos.

Os vazamentos publicados pelo The Intercept dos diálogos entre o ex-juiz e atual Ministro da Justiça, Sérgio Moro, por Deltan Dallagnol e outros procuradores da Lava Jato são a confirmação cabal de que essa operação jurídico-policial não tinha como objetivo o combate à corrupção na política. Ela, de fato, foi um instrumento de legitimação do golpe, contando com amplo apoio da grande mídia (especialmente da Globo). A Lava Jato tirou Lula das eleições, ajudando Bolsonaro, que retribuiu colocando Moro no Ministério. Um conluio criminoso.

Com o neofascista na presidência, os ataques aos direitos democráticos se intensificaram. Além disso, também houve um aprofundamento qualitativo dos ataques aos direitos sociais, trabalhistas, previdenciários, à soberania nacional, ao patrimônio público e ao meio-ambiente, especialmente à Amazônia.

O absurdo é tão grande que os defensores da ditadura agora ocupam a maioria das cadeiras na Comissão criada para esclarecer as mortes e desaparecimentos ocasionados pelo Estado brasileiro nos chamados “anos de chumbo”.

No estado do Rio de Janeiro, governado por Wilson Witzel (PSC), vemos uma brutal escalada da política de criminalização da pobreza e de extermínio do povo negro e pobre das favelas e periferias. Nos primeiros seis meses desse governo, a polícia matou 881 pessoas, uma média de cinco mortes a cada dia, sendo que nenhuma operação policial foi realizada em áreas controladas pelas milícias. Um escárnio total.

Diante dessa gravíssima situação, erram aqueles setores de esquerda que ainda não entenderam a necessidade da construção e fortalecimento da mais ampla unidade de ação em defesa das liberdades democráticas. Por isso, o Fórum de Resistência Democrática é um passo muito importante nesta tarefa urgente.

Derrotar o Governo Bolsonaro nas ruas

Precisamos retomar o caminho da mobilização, combinando sempre a luta pelos direitos democráticos com a defesa dos direitos sociais, econômicos e do meio ambiente e da soberania nacional.

Nesse sentido, temos, em 5 de setembro, o dia de luta em defesa da Amazônia, com mobilizações já previstas em todo o país e várias cidades do mundo, e, no dia 7 de setembro, acontece a edição do Grito dos Excluídos. Não há atalhos possíveis, a única saída é investir cada vez mais na luta coletiva, unitária e organizada.

  • Em defesa das liberdades democráticas!
  • Exigimos saber: quem matou e mandou matar Marielle e Anderson?
  • Lula Livre
  • Liberdade a Preta Ferreira
  • Abaixo o projeto anti-pobre, anti-povo e anti-negro de Moro