13A: Atos não repetem o tamanho dos de maio, mas abrem a agenda de luta no segundo semestre

Protestos acontecem em todo o País, defendem educação e a memória dos mortos pela ditadura

Carol Morgan, de Florianópolis (SC)
Mídia Ninja

Concentração no MASP

O 13 de agosto foi mais um importante dia de luta contra o projeto de destruição da educação pública do ministro Weintraub e do presidente Bolsonaro. Milhares de estudantes e trabalhadores saíram as ruas contra os cortes de verba para as universidades e institutos federais e contra o projeto “Future-se”. É mais um passo na resistência dos ataques do governo.

Convocado pelas entidades estudantis, UNE e UBES, e pelos sindicatos da educação, o protesto não chegou a repetir a força do tsunami dos dias 15 e 30 de maio. No entanto, mais uma vez tomou as ruas de centenas de cidades do país, das capitais a cidades pequenas, do interior dos estados, segundo levantamento da União Nacional dos Estudantes.

Em São Paulo (SP), ocorreram atos em dezenas de cidades, como Santos e São José dos Campos. Na capital, milhares de ativistas se reuniram no Vão do MASP e foram em direção à Praça da República. Os manifestantes levantavam cartazes contra a precarização do ensino, contra o future-se de Weintraub e também homenagens a Fernando Santa Cruz, militante desaparecido na ditadura militar que foi alvo das declarações de Bolsonaro.

No dia 13, Fernando também foi lembrado com um ato em frente à Faculdade de Direito da UFF, em Niterói (RJ), onde estudou. Um grande ato também ocorreu no Rio de Janeiro, no final da tarde, com milhares de pessoas. Além das colunas de universidades e institutos, o protesto contou com uma coluna do audiovisual, com diretores e produtores carregando cartazes de filmes, em protesto contra a ameaça de retorno da censura.

Scarlett Rocha | Colaborativa Afronte

Em Brasília, a EPNB, principal via de acesso do Lado Sul amanheceu trancada. A ação foi em conjunto com os coletivos de juventude Afronte, Correnteza, UJC e Juntos.

Mais tarde o ato estudantil se unificou com a 1ª Marcha das Mulheres Indígenas, que saiu às 9h da Funarte e seguiu para a Esplanada dos Ministérios. A marcha de tema “Território: Nosso corpo, nosso espírito”, se unificou com as bandeiras de defesa da Amazônia, contra os cortes na educação e pelo direito a aposentadoria.

Eduardo Dinapoli / Cobertura Colaborativa
Marcha das mulheres indígenas, em Brasília

Em Macapá (AP), o protesto também exigiu justiça para o cacique Emyra Wajãpi, assassinado por invasores no dia 22 de julho.

Grandes atos ocorreram também em Fortaleza, Belo Horizonte, Curitiba, Natal, Recife e Florianópolis. No Maranhão, ato foi marcado pela solidariedade aos moradores da comunidade do Cajueiro, desalojados pela polícia militar, do governador Flavio Dino (PCdoB).

“A nossa luta, unificou. É estudante junto com trabalhador”

Desde o início do governo, Bolsonaro tem se colocado como inimigo da educação. Logo após a aprovação da Reforma da Previdência em primeiro turno na Câmara dos Deputados, o MEC anunciou o projeto “Future-se” que tem como objetivo alterar a legislação para permitir que se amplie ao máximo o financiamento da pesquisa na universidade pelo mercado. Isso, além de ferir a autonomia universitária, acaba com o caráter gratuito do ensino superior no Brasil.

A agenda de privatizações é uma promessa de campanha que tem se concretizado. Além de permitir a venda da Embraer, já foram anunciados leilões de venda das reservas de pré-sal e refinarias da Petrobrás, foi vendida a BR Distribuidora e o governo cogita a venda da Eletrobrás e dos Correios. É simbólico que o ato dos estudantes e profissionais da educação no Rio de Janeiro tenha terminado em frente a sede da Petrobrás, demonstrando a importância da unidade para enfrentar os ataques desse governo.

Os atos de ontem abriram a agenda de lutas desse segundo semestre. Com a reforma da Previdência sendo aprovada na Câmara dos Deputados, se aprofunda uma conjuntura mais adversa. Os desafios que estão colocados são muitos: a defesa da aposentadoria, da soberania nacional, da educação pública, do meio ambiente. É preciso continuar fortalecendo essas mobilizações e acumular forças contra a agenda neoliberal e a escalada autoritária desse governo. As manifestações de ontem e a disposição de luta de quem foi às ruas mostram que demos mais um passo contra esse governo e seus retrocessos.