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BRASIL

Bolsonaro libera verbas para emendas, e deputados aprovam contrarreforma da Previdência, em segundo turno

Nossa resposta deve vir das ruas, com fortes manifestações no dia 13 de agosto

André Freire, do Rio de Janeiro (RJ)
Agência Câmara

Esta terça-feira, 06, foi mais um dia de negociatas sem escrúpulos na Câmara dos Deputados, em Brasília.

Horas antes do início da sessão que discutiria e votaria, em segundo turno, a proposta de contrarreforma da Previdência, o governo liberou R$ 3 bilhões para vários ministérios, para atender a exigência de liberação de emendas dos próprios parlamentares, cobradas principalmente pelo Centrão, de Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Somente depois de atendida o pleito pessoal dos “senhores” deputados da direita e da extrema-direita, foi aberta a sessão. E, rapidamente, na mesma noite, sem grande debate, e no início da madrugada, a proposta de “nova Previdência” de Guedes e Bolsonaro foi aprovada em segundo turno na Câmara, contando com apoio de 370 votos, com 124 votos contrários.

VÍDEO: Assista o vídeo da sessão que aprovou a reforma em segundo turno

A proposta aprovada é um duro ataque aos direitos previdenciários. Eleva  a idade mínima para se acessar ao direito de aposentadoria para 65 anos para homens e 62 anos para mulheres.

Ela também aumenta o tempo mínimo de contribuição. Por exemplo, para conseguir se aposentar com 100% dos seus vencimentos atuais, os homens devem contribuir no mínimo 40 anos e as mulheres 35 anos.

Ou seja, a combinação das duas medidas perversas – aumento da idade mínima e do tempo de contribuição – na prática vai significar que milhões de brasileiros e brasileiras vão morrer sem conseguir se aposentar ou se aposentarão com pensões com valores muito menores do que teriam direito.

Na proposta existem outros pontos cruéis, como aqueles que mudam a forma de cálculo dos benefícios a serem concedidos, que causam, por exemplo, a redução do pagamento de pensões por morte.

Ela mantém o ataque a aposentadoria especial do magistério. E, se mantém também, o risco de desconstitucionalização de parte da legislação previdenciária, que passaria ser alterada por lei completar, sem necessidade do quórum qualificado de 3/5 para futuras mudanças.

Durante esta quarta-feira, dia 7 de agosto, os deputados vão examinar os destaques que ainda existem ao projeto original. Terminadas estas votações, a proposta será encaminhada ao Senado, provavelmente ainda esta semana.

Longe de combater privilégios, a proposta retira direitos dos trabalhadores, especialmente dos mais pobres, e sequer incluiu mudanças, por exemplo, na previdência especial dos militares, prometendo discutir este tema mais a frente.

Mas, mesmo as propostas aventadas sobre a previdência dos militares, até o momento, mantém os privilégios da elite das forças armadas, que hoje são um dos setores com mais peso no governo de extrema-direita de Bolsonaro, indicando pelo menos 8 dos 22 ministros, além de mais de 100 cargos de importância na atual administração.

Senado pode piorar ainda mais os ataques

No Senado, o governo, o PSL e o Centrão já se esforçam não só para aprovar rapidamente a proposta vinda da Câmara, como para incluir outros ataques aos direitos previdenciários, que não foram ainda aprovados.

O principal ataque que está sendo articulado no Senado é a inclusão dos servidores públicos dos Estados, Distrito Federal e Municípios nos ataques aos diretos previdenciários.

O Senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), já anunciado como relator da atual reforma no Senado, negocia com os Governadores uma chamada PEC paralela, que incluía todos os servidores públicos na proposta, sem atrapalhar a aprovação a “toque de caixa” no Senado das propostas reacionárias vindas da Câmara. Essa PEC paralela, caso aprovada ao Senado, seria enviada posteriormente para a Câmara.

Infelizmente, mesmo os governadores e vice-governadores dos partidos que se dizem de oposição (como PT, PDT, PSB e PCdoB) são parte do acordo entre o fórum de governadores, o Senado e o Governo Bolsonaro para atacar os direitos dos servidores públicos dos Estados, Distrito Federal e Municípios. Uma vergonha e uma traição.

Seguir a luta em defesa da aposentadoria e dos direitos sociais e democráticos

Já está mais que evidente que não se pode esperar nenhuma melhora da proposta da contrarreforma da previdência, vinda da maioria dos Deputados e Senadores. Ao contrário, os ataques tendem até a se ampliarem no Senado.

A política de colaboração com a reforma da previdência, praticada pelos governadores dos partidos de oposição, especialmente do PT e do PCdoB, é uma brutal traição. Infelizmente, que não é combatida pela direção destes partidos.

As direções das principais Centrais Sindicais não devem apostar, mais uma vez, em falsas negociações no Congresso. O único caminho para evitar esse e outros ataques a direitos históricos do povo trabalhador brasileiro é apostar na mobilização nacional e unificada. Temos que apostar na unidade das mobilizações e evitar ações isoladas

Na próxima terça-feira, dia 13 de agosto, teremos uma ótima oportunidade de repetir uma grande manifestação nacional, com os estudantes e os profissionais de educação à frente.

Este dia nacional de lutas, que já foi formalmente incorporado no calendário de mobilização das Centrais Sindicais, pode protagonizar grande manifestações de rua em todo o país, além de paralisações de professores e funcionários da educação.

Nos protestos de semana que vem, além da defesa da Educação Pública e da Aposentadoria, devem incluir com muita importância a defesa das liberdades democráticas, fortemente ameaçadas pela escalada autoritária deste governo.

A construção unificada das manifestações do dia 13 deve ser a nossa prioridade absoluta nos próximos dias.

Derrotar o governo Bolsonaro nas ruas.

 

EDITORIAL
13 de Agosto: construir novo tsunami da educação