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BRASIL

Indígenas Wajãpi: aldeias enviam guerreiros para ajudar na busca aos invasores

Na segunda nota divulgada, conselho das aldeias da Terra Indígena Wajãpi narra a visita da polícia, o medo de muitas famílias de sair para caçar e para a roça, e conta que aldeias mais distantes vão ajudar os indígenas do norte, na busca aos garimpeiros que invadiram e assassinaram um cacique. Um ato público será realizado nesta sexta, 2, às 08h, no MPF do Amapá.

Conselho das Aldeias Wajãpi (Apina)
Alinne Brito

Reunião de representantes indígenas, com movimentos sociais e pastorais. 29/07/2019

“Nós do Conselho das Aldeias Wajãpi – Apina queremos divulgar as informações que temos hoje, dia 29 de julho de 2019, sobre a invasão da Terra Indígena Wajãpi.

Domingo, dia 28/07, as equipes de polícia chegaram à aldeia Mariry no início da tarde e seguiram para a aldeia Yvytotõ acompanhados por nossos guerreiros.

Quando chegaram lá, não tinha mais ninguém no local, apenas rastros dos invasores. Os policiais marcaram os pontos no GPS e tiraram fotos. Os guerreiros levaram a equipe da polícia até um local onde os invasores tinham se escondido no dia 26, mas lá também não tinha mais ninguém. Depois disso, os policiais disseram que não poderiam procurar os invasores dentro da mata seguindo os rastros que mostramos e voltaram para a aldeia Mariry e depois para o posto Aramirã, onde chegaram por volta das 21h30.

No Aramirã, os policiais se reuniram com representantes da Funai, do Apina, das aldeias da região do Aramirã e da Prefeitura de Pedra Branca. Eles falaram que a região da aldeia Yvytotõ é de difícil acesso e que não tinham condições de permanecer lá e dar continuidade às buscas pelas dificuldades de deslocamento e alimentação. Na reunião, o delegado falou que vai estudar a região ao redor da aldeia através de imagens de satélite, para verificar se tem sinais de garimpos dentro da Terra Indígena Wajãpi. Se as imagens mostrarem sinais, vão fazer sobrevoos para verificar. Depois da reunião, as equipes de polícia retornaram para Macapá.

Nós Wajãpi continuamos muito preocupados com os invasores que estão na região norte da nossa Terra Indígena. Nas aldeias desta região as famílias estão com muito medo de sair para as roças ou para caçar. Algumas comunidades saíram de suas aldeias para se juntar com famílias de outras aldeias para se sentirem mais seguras. Por isso nossos guerreiros de todas as regiões da TIW (Terra Indígena Wajãpi) estão se organizando para ajudar os guerreiros da região do Mariry, que continuam procurando os invasores, e pedimos apoio da Funai para isso. Se tivermos informações novas, iremos fazer outras notas.”

Posto Aramirã – Terra Indígena Wajãpi, 29 de julho de 2019.
http://www.apina.org.br/