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Sanções econômicas roubam R$ 106 bilhões do povo venezuelano

Sanções também favorecem a produção de petróleo da Colômbia, que lucra com as medidas contra o país vizinho

José Carlos Miranda

José Carlos Miranda é ativista social desde 1981. Foi ferroviário e metalúrgico e faz parte da Coordenação Nacional da Resistência-PSOL.

 

 

As sanções econômicas e o bloqueio comercial à Venezuela impostos pelos EUA e pela União Europeia são hoje o centro dos ataques ao povo venezuelano e ao governo Nicolas Maduro, e são um crime sem precedentes. 

Os ataques têm razões objetivas. Vejam o gráfico abaixo, que mostra, respectivamente. a produção de petróleo da Venezuela e da Colômbia.

 

 

Observe o que acontece em agosto de 2017, quando Donald Trump intensifica as sanções contra a Venezuela.

Até então, os dois países (que têm níveis diferentes de reservas petrolíferas) têm mantido níveis de produção próximos um do outro. Mas em agosto de 2017, a produção colombiana continua estável, enquanto a da Venezuela entra em completo declínio.

ROUBO ASSASSINO

Em um ano a Venezuela perdeu 8,4 bilhões de dólares em lucros. Uma quantidade enorme que, de por exemplo, poderia ter sido utilizada nas importações de alimentos e medicamentos.

É claro que a crise da Venezuela não começou com as sanções americanas, mas é resultado de uma série de fatores (dependência do petróleo, elementos de corrupção nos poderes, tentativas de regular o capitalismo, etc.).

No entanto, as sanções, como o gráfico mostra com toda a clareza, tiveram um enorme impacto na economia da Venezuela. E aqui falamos em primeiro lugar apenas sobre as sanções que começaram em 2017.

Se olhar para as sanções que começaram em 2019, falamos de um embargo do comércio de petróleo (segundo os EUA) que custará 11 bilhões de dólares só neste ano.

Somam-se ainda o confisco por bancos da Europa e EUA de recursos da Venezuela em 3,4 bilhões e dívidas e obrigações sobre a renda do petróleo em 5,2 bilhões – o roubo dos recursos venezuelanos no setor financeiro internacional chegam a insidiosos de 9 bilhões.

Somando apenas estes números – U$ 8,4 bi, U$ 11 bi e U$ 9 bi – o povo venezuelano terá perdido, entre 2017 e o final de 2019, um total de 28,4 bilhões de dólares, o que equivale, pela cotação de 18/07, a 106,3 bilhões de reais. Os números podem ser maiores, se somados o que o país ainda terá de recursos bloqueados até o final de 2019.

Para se ter uma ideia, o valor é superior aos R$ 100 bilhões que o governo Bolsonaro espera economizar por ano com a reforma da Previdência. E se aproxima do orçamento de R$ 108,2 bilhões executado na saúde no ano passado pelo Brasil, país com população quase sete vezes maior que a da Venezuela.

Qualquer pessoa pode saber mais sobre as sanções neste interessante relatório do centro de pesquisa econômica e política, de Washington.

Por outro lado, se ouvirmos um dos arquitetos das sanções impostas e apoio ao autoproclamado presidente interino Juan Guaidó, o Conselheiro de Segurança de Donald Trump, John Bolton, explicou em entrevista à Fox onde disse claramente: fará uma grande diferença para os Estados Unidos economicamente se pudéssemos ter companhias petrolíferas americanas realmente investindo e produzindo as capacidades petrolíferas na Venezuela. Seria bom para o povo da Venezuela. Seria bom para o povo dos Estados Unidos. Nós dois temos muita coisa em jogo aqui.”

Está muito claro quais são os reais desejos e objetivos de Trump, uma verdadeira recolonização para pilhagem das riquezas da Venezuela, em primeiro lugar o petróleo. Pouco, ou nada se importam com as terríveis consequências para o povo venezuelano.

Nossa tarefa é continuar a campanha em solidariedade à Venezuela cerrando fileiras ao lado de nossos irmãos venezuelanos e gritando bem alto:

  • – Trump e Bolsonaro, Tirem as mãos da Venezuela!
  • – Fim das sanções e do bloqueio econômico!
  • – Pela soberania e autodeterminação do povo venezuelano!