Faleceu na madrugada do dia 10 o sociólogo e companheiro Chico de Oliveira, referência histórica intelectual para a reflexão e ação da militância socialista, para o entendimento do Brasil e das suas enormes contradições e desigualdades.
Chico foi um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores, mas desligou-se em 2003. Não concordou com a adesão do PT ao caminho da governabilidade de colaboração com o capital, não concordou com o cartão de visita desta opção que foi a reforma da previdência no setor público no primeiro ano de governo Lula.
Afastou-se do PT, mas não da militância e da reflexão combativa, na busca de uma interpretação para o que estava acontecendo e de um novo caminho para a esquerda brasileira.
Em 2003, Chico publicou o Ornitorrinco, uma atualização ao seu clássico Crítica à Razão Dualista, de 1973; na sua nova forma foi editado como Crítica à Razão Dualista/O Ornitorrinco, onde busca interpretar e definir como o capitalismo brasileiro se apresentava para este século, no momento em que o PT vencia as eleições presidenciais.
Sua outra inestimável contribuição militante foi engajar-se imediatamente na formação de um novo partido socialista da esquerda brasileira, participando da fundação do PSOL e compondo a sua primeira direção, sendo um dos 101 no primeiro Diretório Nacional.
No seu discurso no encontro de fundação do PSOL, em junho de 2004, Chico encerrou afirmando que “ou século XXI será comunista ou não será”, parodiando num sentido de urgência ainda maior a máxima Socialismo ou Barbárie, lançada por Rosa Luxemburgo no século passado.
O colapso do modelo de civilização capitalista industrial, o empobrecimento e a desigualdade social crescentes em escala mundial, a violência política e social, os desastres ambientais que já vivemos e que estão mudando o planeta para sempre, dão um sentido quase profético ao discurso de Chico de Oliveira, uma das frase mais emblemáticas e marcantes na fundação do PSOL.
Não há homenagem maior que podemos fazer ao legado de Chico de Oliveira que não seja continuar perseguindo o objetivo da transformação social, de deter a barbárie, de lutar e sonhar pelo século XXI comunista.
Chico foi um dos nossos, sua perda é irreparável, mas estará presente nas lutas do povo brasileiro e na nossa cotidiana militância política e social.
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