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CULTURA

O que significa o fim do programa Manos e Minas?

Elber Almeida, do ABC Paulista
Reprodução

Recentemente, o produtor Vrass77 anunciou em seu canal do YouTube que o programa de TV “Manos e Minas” deixará de ser gravado. O programa é uma importante plataforma de divulgação do Hip Hop na TV aberta e já contou com a participação de grandes artistas da cena nacional, sendo apresentado no início por Rappin’ Hood, e hoje pela Roberta Estrela D’Alva.

A cultura Hip Hop sempre foi marginalizada pela mídia hegemônica. Por ser uma forma de contestação da ordem atual, questionando dentre várias coisas a desigualdade social e o racismo, não poderia ser diferente. Quando retratada é apresentada como “cultura alternativa” e seus elementos são divididos: por vezes aparecem B-Girls e B-Boys como “dança de rua”, grafiteiros nas artes visuais e MC’s são transformados apenas em rappers, ficando o trabalho dos DJ’s com pouca aparição. O Hip Hop é fatiado em várias partes e muitas vezes é tratado como sinônimo de rap, um de seus frutos.

Assim, o Manos e Minas era uma exceção à regra, com os quatro elementos básicos do Hip Hop aparecendo através de apresentações e diversas reportagens que retratam o movimento, especialmente no Brasil. Foi vitrine para muitos artistas independentes e por lá também passaram muitos “consagrados”. Só como exemplo, quando o músico Criolo esteve no programa ainda tinha seu antigo vulgo, “Criolo Doido”, apesar de já ter uma longa caminhada não era tão conhecido. Seria impossível um programa deste tipo existir em uma rede de TV orientada totalmente pelos interesses privados, como é o caso da maioria no Brasil.

Hoje, a TV Cultura é sustentada por uma fundação, a Padre Anchieta, que está passando por um processo cada vez maior de privatização, mas que ainda é gerida pelo estado de São Paulo. Com uma política de sucateamento, demissões e busca de recursos cada vez maior de fontes privadas, processo coroado com a nomeação de um antigo executivo de grandes emissoras privadas, José Roberto Maluf. O governador João Dória chama isso de “choque de gestão”.

O Manos e Minas não é o primeiro programa a ter suas gravações encerradas. Outros títulos históricos como “Cocoricó”, “Zoom”, “Grandes Momentos do Esporte”, dentre outros, já sofreram o mesmo. Provavelmente, se o programa continuar existindo será limitado a reprises.

O movimento Hip Hop já está se manifestando e uma das iniciativas é a divulgação da hashtag #VoltaManoseMinas nas redes sociais.

Confira o vídeo de Vras77.