Em uma semana Jair Bolsonaro deu duas declarações estarrecedoras sobre assuntos que muito caros aos direitos humanos, aos defensores de uma sociedade minimamente justa, à luta feminista e contra violência. Primeiro, sobre a defesa do trabalho infantil, ignorando a realidade retratada pela Associação dos Magistrados do Trabalho da 1a Região, “O trabalho infantil macula a saúde mental da criança e do adolescente, expondo-os ao amadurecimento precoce, e causa traumas emocionais muitas vezes irreparáveis. Crianças enfrentam o risco de mutilações e doenças que podem comprometer seu crescimento físico”.
Se não fosse suficiente, neste dia 06 de julho, numa bizarra demonstração misógina, do quanto menospreza a vida das mulheres e nos têm como inimigas, Bolsonaro disse, querendo se referir a Amazônia: “O Brasil é uma virgem que todo tarado de fora quer.” Lembrando que já havia dito que quem desejasse vir pra cá fazer sexo com brasileiras “podia ficar à vontade.”
É inadmissível que o homem que ocupa o cargo de maior poder no país faça “piadinha” com a pior violência que nós mulheres podemos sofrer. O nome disso é sim, apologia ao estupro. Frase irresponsável em um país que, de acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, são registrados cerca de 164 estupros por dia. O número certamente é maior, visto que este é um dos crimes com maior índice de subnotificações. Com tal declaração Bolsonaro ignora que 70% dos casos de violência sexual acontecem com crianças e adolescentes, conhecido como estupro de vulnerável. Jair Bolsonaro, comprovadamente, é um misógino, é comum vermos nos noticiários declarações depreciativas, de cunho machista, por parte do então Presidente. Elegeu como inimigos frontais, os setores oprimidos, e trata o estupro como brincadeira.
Jair Bolsonaro deu essa bizarra declaração ao se referir ao nível de preservação (ou melhor, falta de preservação) da Amazônia. Ele foi bastante questionado sobre a política de meio ambiente na reunião do G-20 e demonstrou para o mundo sua total incapacidade para comandar um país, ignorando os números do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) que apontam que o desmatamento na Amazônia cresceu quase 60% em junho de 2019 comparado ao mesmo período de 2018. A floresta perdeu em junho 762,3 km2 de mata nativa, equivalente a 2 vezes a área de uma cidade como Belo Horizonte. É enormemente preocupante.
Na mesma entrevista Bolsonaro critica o fato de governos anteriores terem demarcado terras indígenas, como já era de se esperar, mas não podemos naturalizar essa situação. Ele questiona a legitimidade dos povos indígenas em terem seus territórios, em preservar sua cultura (que é nossa, de nossos ancestrais) para poder sanar a ganância do agronegócio, do latifúndio, amigos estes do Presidente da República.
A declaração misógina, infeliz, de apologia ao estupro não pode ficar sem resposta dos movimentos de mulheres. Temos que exigir retratação por parte do Bolsonaro. Mas também precisamos nos organizar em um grande encontro nacional de mulheres para organizar a resistência e barrar esse governo!
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