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BRASIL

Na contramão da história: papel vergonhoso do governador petista Wellington Dias

Gisvaldo Oliveira da Silva*
Divulgação/CCOM

“Expor aos oprimidos a verdade sobre a situação é abrir-lhes o caminho da revolução.” (TROTSKY)

Há mais de seis meses o governo Bolsonaro vem tentando aprovar uma “reforma da previdência” que pretende mexer no direito a aposentadoria e nos benefícios sociais de milhões de trabalhadores e trabalhadoras. Diz o governo que a “reforma” é necessária para “cortar privilégios” e que sem ela, o país quebra. Nada mais falso. O Brasil gasta mais de 46% do orçamento com pagamento de juros e amortizações da dívida pública para banqueiros e grandes especuladores, enquanto a previdência social consome 33% e atende milhões de brasileiros. Além disso, segundo a Associação Nacional dos Fiscais da Previdência (ANFIP) e a Auditoria Cidadã da Dívida, o propagandeado “déficit” da previdência é uma farsa. O grande problema é a sonegação. Basta observar que as empresas privadas devem R$ 450 bilhões à previdência. Na lista das empresas devedoras há gigantes como o Bradesco e a JBS (dona de marcas como Friboi e Swift). Portanto, a “reforma da previdência” de Bolsonaro é uma falácia. Ao contrário do que diz a propaganda governamental, não “combate privilégios”, mas representa um duro ataque aos que estão na base da pirâmide social.

Na tentativa de barrar a reforma bolsonarista, várias organizações da classe trabalhadora e da juventude têm promovido protestos de rua em âmbito nacional. O 15M, 30M e 14J são expressões do crescimento da resistência a esse governo de extrema-direita e demonstram que a unidade de ação entre os de baixo pode impor uma derrota aos de cima.

Enquanto a classe trabalhadora e a juventude resistem aos ataques da extrema-direita, o governador petista do Piauí, Wellington Dias, cumpre um papel vergonhoso. Atuando como uma espécie de porta voz dos governadores do Nordeste, o petista tem defendido sistematicamente, em nome de uma suposta “responsabilidade fiscal”, a aprovação da “reforma da previdência” de Bolsonaro. Adotando um discurso conciliatório, Wellington faz coro com os que atuam para desarmar a reação da classe trabalhadora. Ou seja, prioriza a velha política de negociar benesses a portas fechadas, em detrimento da defesa dos direitos dos empobrecidos. Convém ressaltar o silêncio da direção petista, que tem demonstrado total conivência com as posturas conciliatórias do governador.

Wellington já se tornou famoso por virar as costas para a classe trabalhadora. Em 2016, aumentou de 11% para 14% a alíquota de contribuição previdenciária de todos os servidores públicos estaduais. Mais recentemente, foi ao Supremo Tribunal Federal com o objetivo de prejudicar mais de 26 mil aposentados e pensionistas e outras 10 mil pessoas que estão prestes a se aposentar. De forma tirana, o governador pretende que estes trabalhadores e trabalhadoras, que dedicaram anos de suas vidas ao serviço público e que contribuíram com o IAPEP (Instituto da Assistência e Previdência do Estado do Piauí), passem a receber suas aposentadorias pelo INSS, fato que poderá implicar em diminuição de benefícios.

Além disso, Wellington descumpre frequentemente os planos de cargos, carreiras e salários de diversas categorias de servidores públicos e promove um verdadeiro sucateamento no setor da educação. O caso da UESPI (Universidade Estadual do Piauí) é um dos mais gritantes. Na instituição existem mais de trezentas disciplinas sem professor, faltam recursos para a compra de material expediente, para a execução de atividades de pesquisa e extensão, e as perdas salariais da categoria docente, nos últimos seis anos, passam de 33%.

A história não absolverá Wellington Dias. Pelo contrário, cobrará caro por sua traição de classes. Apesar de Wellington, a classe trabalhadora e a juventude seguem lutando por uma vida digna e apostando na vitória.

 

*Professor da UESPI e militante da RESISTÊNCIA/PSOL

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Piauí / pt