No Ceará só existe inverno e verão. Assim é dito pelas bocas experientes de quem é acostumado a fazer do tropicalismo semiárido típico do Nordeste a sua morada sagrada e querida. A indefinição do clima contrasta em algumas regiões, caracterizadas como oásis em meio ao calor aconchegante típico das regiões cearenses. Com os fins de março, as típicas chuvas levaram o verão em suas águas e, de 15 a 30 de maio, o mar de militantes, estudantes, professoras (es) e trabalhadoras (es) inundaram as ruas do Cariri cearense em defesa da educação pública brasileira em provando a todas e todos que no Cariri a primavera já começou.
Seguindo o calendário de lutas estabelecido pelas principais centrais sindicais na comemoração histórica do primeiro de maio em São Paulo, o Cariri foi as ruas em peso. Ainda no dia 15 de maio, houve uma caminhada que reuniu cerca de dez mil pessoas nas ruas de Juazeiro do Norte, uma das cidades centrais da chamada Região Metropolitana do Cariri, faixa geográfica que reúne principalmente, além de Juazeiro, as cidades de Crato e Barbalha. A organização do ato, que ficou a cargo da Frente Pela Democracia Cariri, demonstrou uma satisfação acima das expectativas ao observar uma das principais ruas da cidade repleta de militantes politicamente conscientes, capazes de demonstrar não só sua força, mas também sua consciência política frente aos ataques que o governo de Jair Bolsonaro teima em institucionalizar através da pasta da educação, mal dirigida pelo então impronunciável ministro, Abraham Weintraub.
A política rasteira e covarde que o MEC na direção pessoal dos valores invertidos do seu ministro, motivou a unidade de diversos setores da educação que, além de protagonizar a luta por sua defesa, também mantém viva as pautas relacionadas a reforma da previdência. No Cariri, a luta é fortificada por centenas de estudantes que se localizam na região, considerada um dos principais polos universitários do Ceará. Somente em Juazeiro do Norte, há três campis de ensino superior público, federais e estaduais (Universidade Federal do Cariri, Universidade Regional do Cariri e Instituto Federal). Crato e Barbalha também sediam estruturas públicas de ensino. Toda essa força não ficou apenas nas classes de aula, extrapolando o espírito revolucionário para as ruas em reivindicação que se estendeu também para o município de Barbalha.
No 30 de maio, a militância do Cariri acordou cedo e em prontidão marchou mais uma vez pela defesa da educação. A escolha pela cidade de Barbalha se mostrou de fundamental importância para fortalecer a unidade entre as diversas entidades que estão na linha de frente da luta contra o bloqueio de orçamento da educação. Além de agremiar representações de movimentos sociais pró educação e profissionais de diversas áreas, o ato conseguiu reunir líderes de sindicatos e associações, demonstrando assim a pluralidade política presente em sincronia com a defesa da educação pública.
30M
Concentrando-se a frente do Parque Municipal Tasso Jereissati, em Barbalha, o ato teve início com a caminhada em destino ao paço principal da igreja do Rosário, no centro da cidade. Com bandeiras, faixas e gritos de ordem, a multidão seguiu em marcha, convocando a população para a luta. Ao fim, uma plenária geral foi realizada, alinhando as forças para o dia 14 de Junho, data chave em que o Brasil irá parar em defesa dos direitos previdenciários e da educação pública. O Cariri avança junto com país, cada vez mais robusto na linha de frente contra o autoritarismo do governo de Bolsonaro. A luta continuará!
*Rodolfo Santana é jornalista no Sindicato dos Docentes da URCA (SINDURCA)
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