As evidências sugerem que a crise econômica instalada não será facilmente superada. A queda do PIB do 1o trimestre (-0,2%) é uma mostra do cenário depressivo. Os brasileiros são, hoje, em termos de PIB per capita, 9% mais pobres do que eram quatro anos atrás. A indústria continua descendo a ladeira, assim como os investimentos. Uma nova recessão bate à porta.
A recuperação econômica poderia vir, em termos capitalistas, de duas formas básicas: (1) via a aplicação de uma política econômica “anticíclica” baseada numa substancial elevação dos gastos públicos com o objetivo de criar demanda agregada capaz de ativar o crescimento econômico; (2) por meio da entrada em peso de capital estrangeiro no país para investimentos na produção industrial e agroindustrial para exportação.
A primeira saída é completamente rejeitada pela burguesia nacional. O que a classe dominante patrocina é um brutal ajuste fiscal e contrarreformas sociais que estão derrubando os investimentos públicos, com forte impacto contracionista no conjunto da economia.
Com a primeira possibilidade descartada, seria razoável supor que a burguesia busque a segunda opção. Mas tampouco parece isso, a sério. O Brasil está distante de ocupar no mundo contemporâneo o lugar de plataforma industrial para exportação – e eles sabem disso. O eixo da produção manufatureira se deslocou pra Ásia e não há nenhum sinal que indique mudança nesse vetor. Poderíamos supor então que as esperanças residam na agroindústria exportadora, pois neste ramo o país já tem uma posição de destaque no mercado mundial. Porém, a agroindústria, mesmo que crescesse aceleradamente nos próximos anos, por se tratar de um setor que emprega relativamente pouca mão de obra, dificilmente conseguiria puxar a economia para um ciclo virtuoso. E, para piorar, com a economia mundial em desaceleração e a escalada na guerra comercial entre China e os Estados Unidos, o mais provável é ocorrer certo declínio no comércio mundial de commodities.
Dito isso, me parece que o que está sendo aplicado por Paulo Guedes não é nenhuma das duas opções mencionadas no começo desse texto, e sim o projeto da destruição. Trata-se de promover ganhos rápidos e volumosos por meio da rapinagem das nossas conquistas sociais e trabalhistas e da entrega das nossas riquezas nacionais. Querem impor um retrocesso civilizatório no país para auferir lucros turbinados ao mercado financeiro e aos capitalistas estrangeiros que vão comprar nossas empresas estatais a preço de liquidação.
O projeto deles é a destruição do nosso povo (em especial dos negros e mais pobres), do meio ambiente, das nossas riquezas naturais e do patrimônio público. Vender barato o Brasil.
Mas não será fácil pra eles. Temos um povo trabalhador guerreiro, uma mulherada de luta, uma juventude sem medo. Os estudantes foram às ruas ontem mais uma vez, nos ensinando o caminho.
Comentários