Depois do 15M, a maior manifestação nacional contra o governo, os cortes no orçamento das Universidades e Institutos Federais e em defesa da educação pública, que levou centenas de milhares de manifestantes às ruas de todo o Brasil, a batalha contra Bolsonaro e seu projeto de extrema-direita vai continuar.
Em resposta à força do 15M, os governistas, o PSL e seus aliados políticos convocaram para o dia 26 de maio uma manifestação, em várias cidades, de apoio a Bolsonaro e as principais medidas reacionárias do seu governo, como a contrarreforma da previdência.
Por outro lado, para dar continuidade ao 15M, o movimento estudantil e várias entidades que representam os profissionais de educação anunciaram um novo dia nacional de lutas em defesa da educação pública, para o dia 30 de maio, como mais uma atividade importante de preparação da greve geral, marcada para o próximo dia 14 de junho.
Portanto, após a força apresentada pelos protestos do 15M em todo o país, a disputa entre os movimentos sociais, que defendem os direitos sociais e as liberdades democráticas; e o bolsonarismo, que quer impor a todo custo sua agenda reacionária; seguirá ocorrendo nas ruas, já agora, durante o mês de maio.
Ganhar essa briga pelas ruas deve ser a prioridade absoluta dos movimentos da classe trabalhadora, da juventude e dos oprimidos. A tarefa é unir as lutas em defesa da Educação Pública e da Previdência Social, para tentarmos derrotar tanto os cortes na educação, como a proposta de reforma reacionária da previdência de Guedes e Bolsonaro.
Aproveitar as dificuldades do inimigo para avançarmos
A luta contra esse governo de extrema-direita não é uma tarefa nada fácil. Sabemos que principalmente após o golpe parlamentar de 2016, temos sofrido importantes derrotas, mas seguimos apostando na nossa capacidade de resistência. Esse foi o grande recado do 15M.
O governo Bolsonaro passa por um momento de maiores dificuldades e contradições para impor com facilidade a sua agenda reacionária. Há um clima de crise política no ar.
Este cenário é marcado por vários elementos: a piora na economia agora ameaçando um novo quadro recessivo, e suas graves consequências sociais, como o aumento do desemprego; as derrotas do governo no Congresso, como na convocação do Ministro da Educação na Câmara para dar esclarecimentos sobre os cortes no orçamento do MEC; no avanço das investigações do Ministério Público do RJ sobre os crimes de corrupção de seu filho Flávio; o cada vez mais evidente envolvimento do clã Bolsonaro com as milícias do RJ; e as brigas internas no próprio governo.
O governo não está derrotado, inclusive busca reagir, por exemplo, convocando os protestos reacionários do dia 26 de maio. Apesar das contradições, ele conta ainda com apoio das grandes empresas, dos bancos, da mídia e da maioria dos partidos da velha direita para aprovar os pontos fundamentais da famigerada contrarreforma da previdência.
Portanto, ainda não vencemos essa guerra, longe disso. Por isso mesmo, não podemos perder oportunidades, precisamos aproveitar os problemas no campo do inimigo, neste momento, para avançar ainda mais em nossas lutas de resistência.
Será fortalecendo as nossas lutas nas ruas que poderemos defender nossos direitos, abrindo caminho para avançarmos mais, buscando derrotar esse governo de extrema-direita.
Precisamos apoiar com tudo a nova manifestação nacional em defesa da educação pública do próximo dia 30; avançando na preparação pela base da greve geral do dia 14 de junho. É hora de ampliar o trabalho na base com o abaixo-assinado unificado contra a contrarreforma da previdência; multiplicar as branquinhas de coleta das assinaturas; e construir os comitês em defesa da educação pública e em defesa da previdência social nos locais de trabalho, estudo e moradia.
Da mesma forma, os sindicatos devem convocar assembleias em todas as categorias para discutir e aprovar o apoio às manifestações de 30 de maio e a participação na greve geral do dia 14 de junho; enfim, a luta em defesa dos direitos e contra Bolsonaro é agora: “Não temos tempo a perder”.
Nossa luta é contra esse governo de conjunto
Nos últimos dias, cresceram fortes críticas a Bolsonaro e aos fracassos conjunturais de seu governo em importantes veículos da grande imprensa brasileira e até de outros países. Entretanto, ao mesmo tempo, é possível identificar, sem grandes dificuldades, que os atuais críticos de Bolsonaro se esforçam para blindar a figura do vice-presidente, o general da reserva, Hamilton Mourão.
Atuam como se estivessem garantindo que, diante de uma maior crise e um colapso da administração de Bolsonaro, exista uma alternativa do “andar de cima” preservada, que apareça como uma pseudo mudança, mas que mantenha tudo sobre o controle dos ricos e poderosos de sempre.
Os movimentos sociais combativos e a esquerda brasileira não podem ter dúvidas. Não existe nenhuma diferença ideológica entre Bolsonaro e Mourão, ambos representam, cada um a sua maneira, o famigerado projeto de extrema-direita neofascista no Brasil.
Tanto Bolsonaro, como Mourão defendem o ajuste econômico, as privatizações, a entrega de nossa soberania e a retirada de direitos sociais, como assistimos na sua defesa unânime da proposta de contrarreforma da previdência.
Eles defendem também o legado sombrio do período da ditadura militar, inclusive a tortura e torturadores conhecidos como o criminoso coronel Brilhante Ustra. Ambos representam um projeto político que ameaça as liberdades democráticas do nosso povo.
Portanto, em nossas mobilizações nas próximas semanas, não devemos cair nessa manobra de setores da burguesia e da grande imprensa de proteger o General Mourão. Nosso objetivo, mais do que nunca, deve ser unir as nossas lutas para derrotar o governo Bolsonaro de conjunto e seus terríveis ataques aos diretos sociais e democráticos do povo trabalhador.
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