15M: Por que a Educação parou para lutar?

Alinne Brito, de Macapá, AP

“A educação é a chave para lutar contra as causas profundas de injustiça em todo o mundo. Quanto mais as pessoas sabem sobre seus direitos, e os direitos do outro na sociedade, melhor preparados estão para protegê-los.”
Salil Shetty

 

A política sustentada pelo sistema capitalista está na contramão da história dos que sonham/lutam por uma educação para todos. O período insiste na necessidade de superar as teorias que legitimam o acesso e a permanência dos menos favorecidos a um ensino, gratuito, de qualidade e que atenda um projeto classista e democrático de educação. Segue a reprodução condicionante hegemônica de transformar a educação em mercadoria.

Marx considerava o trabalho a mais importante expressão da natureza humana e quando o ser perdia o controle sobre ele, entrava em um processo que o conduziria à sociedade a uma ordem social alienada e de desigualdade social e é assim que os patrões nos querem, em um estado de alienação descrito também como um momento onde os seres se perdem. Pois facilita o trabalho dos senhores do poder em não permitir que se subverta a ordem capitalista. Quanto menos o povo (99%), tiver oportunidade de acessar o conhecimento, mais os burgueses (1%), podem gozar de seus privilégios!

Os cortes na educação são pautados em favorecer quais setores? Quem sai ileso com a crise? Há tempos a protagonista em transformar vidas vem sendo atacada, hoje essa intensificação se agrava em virtude do governo Bolsonaro que apresenta narrativas de que a educação traz prejuízo econômico para o nosso país, porém não avistamos preocupações como auditar a dívida pública, taxar banqueiros e grandes empresários. O presidente alega que a ciência no Brasil não tem produtividade e anuncia corte que afetarão as instituições federais, colocando em risco pesquisas, além de cancelar bolsas de mestrado e doutorado, como se a emenda constitucional 96, (que congela o orçamento público por 20 anos não fosse o suficiente).

Os quatro exaustivos meses da gestão bolsonariana foram de puro terror no ministério da educação, 15 demissões e semanas de inércia, vale tudo para extirpar o marxismo cultural, a ideologia de gênero ou qualquer outro motivo para justificar os cortes, até mesmo fazer “live” usando chocolates para ilustrar tamanha bizarrice.

A educação parou porque sabemos que o real plano deste governo é sucatear os serviços e os servidores da educação para beneficiar as instituições privadas. A educação parou contra os cortes de 30% nas universidade e de 47% no FUNDEB. A educação parou porque não aceita ter sua liberdade de cátedra ameaçada. Para que se respeite a produção científica, para defender a previdência e a seguridade social… temos muitos motivos para parar e contamos com todos para continuar defendendo nossos direitos.