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MOVIMENTO

Centrais e frentes promovem 1º de Maio histórico e anunciam a data da greve geral

Unidade contra a reforma da Previdência deu o tom dos atos em todo o País

Gustavo Sixel, da redação
Rodrigo Pilha / CUT Nacional

Ato em São Paulo

Foi um Primeiro de Maio histórico. Depois de cerca de 15 anos, os atos do Dia do Trabalhador foram unificados em todo o país, convocados por todas as centrais sindicais e pelas frentes de luta (Brasil Popular e Povo Sem Medo. Em São Paulo (SP) ocorreu o maior evento, um ato-show que reuniu um grande público no Vale do Anhangabaú. O ato principal também contou com a presença de partidos – como PT, PSOL, PCdoB, PCB, PSTU, PCO e PDT -, de movimentos sociais, como o MST e MTST, e ex-candidatos(as) à Presidência da República, como Guilherme Boulos (PSOL), Fernando Haddad (PT) e Vera Lúcia (PSTU).

“Nós temos o desafio de barrar esse retrocesso. Com muita unidade, nós vamos barrar essa contrarreforma da Previdência. E esse 1 de maio é um exemplo de unidade, caminhando para construir uma grande greve geral, que vai parar o Brasil.“, afirmou Guilherme Boulos, do PSOL, em nome da Frente Povo Sem Medo, no ato.

A unidade se estendeu aos estados. Em todas as capitais, ocorreram marchas ou atividades unitárias, reunindo alguns milhares de lutadores e lutadoras. Atos também foram realizados em dezenas de cidades, como Campinas (SP) e Campina Grande (PB).

Na maioria dos locais, a data escolhida para a greve geral – 14 de junho – foi anunciada conjuntamente, pelas lideranças das centrais. Em São Paulo, a data chegou a ser colocada “em votação”, com a multidão referendando a greve geral.

Além da reforma, a maioria dos discursos também atacou o governo Bolsonaro em relação ao desempenho da economia, o crescimento do desemprego, e ataques às liberdades, aos direitos, os cortes nas universidades e o aumento da violência e genocídio do povo negro.

A luta das mulheres esteve presente nos atos e também nos carros de som, ainda que a representatividade das mulheres na direção do movimento sindical ainda esteja muito distante da necessária.

Sirlene Maciel, professora e integrante da Executiva da CSP-Conlutas, dividiu a fala da central no ato de São Paulo, e saudou “especialmente as mulheres trabalhadoras, que vivem a tripla jornada e que hoje vieram aqui para lutar contra a reforma da Previdência de Bolsonaro. As mulheres, que são mais de 50% da classe trabalhadora, vão ser as mais prejudicadas pela reforma. Vamos juntos construir um grande ato e a greve geral”, convocou. Em Fortaleza (CE), a professora Anna Karina, ex-candidata ao Senado pelo PSOL, denunciou ainda o ódio de Bolsonaro contra as professoras e a fala em que convida os turistas a vir fazer sexo com as mulheres brasileiras.

 

Próximos passos

Antes de junho, está prevista a greve nacional da educação, marcada para 15 de maio. A data promete ser um “esquenta” da greve geral, sendo incorporada por outras categorias, como os trabalhadores da construção civil de Fortaleza (CE), que aprovaram paralisação para este dia. A data também pode vir a ser abraçada pelos petroleiros, que lutam contra a venda das refinarias, que vai impactar no preço dos combustíveis.

Muitas lideranças apontaram a necessidade de continuar o trabalho de diálogo na base das categorias e com a população, distribuindo panfletos e cartilhas e continuando o abaixo-assinado. Pesquisas mostram que 51% das pessoas são contrárias a reforma.

As centrais voltarão a se reunir na segunda-feira (06), para debater os próximos passos da construção da greve geral. Mesmo com a unidade nos atos, diferenças sobre a condução da luta apareceram no dia de hoje. A União Geral dos Trabalhadores (UGT), por exemplo, tem insistido em buscar uma negociação com o governo Bolsonaro sobre a reforma. Seu presidente, Ricardo Patah, já esteve com Jair Bolsonaro, em conversa rápida no dia 29, e será recebido pelo ministro Paulo Guedes em 23 de maio. Ele busca outras centrais para acompanhá-lo na audiência. “Percebi que ele [Bolsonaro] tem sim disposição para conversar com o movimento sindical”, afirma Patah, no site da central.

Em vez de oferecer ilusões com um governo que é inimigo da democracia e dos direitos, a UGT e todas as centrais devem apostar na luta e na intensificação da mobilização. O caráter da reforma e a intensidade dos ataques nestes 120 dias já demonstraram, inclusive para parte de seus eleitores, o caráter anti-povo e anti-trabalhador do governo.

Em vídeo ao Esquerda Online, Sirlene Maciel afirma que não é hora de negociar: “Nós precisamos lutar juntos pela retirada do projeto no Congresso Nacional, não aceitamos nenhuma reforma na reforma”.