Todos ao 1° de maio

Marco Dantas, do Rio de Janeiro, RJ

O governo Bolsonaro, além de ser composto de indivíduos despreparados, conservadores, de pensamentos retrógrados, e que exalam ojeriza à classe mais desfavorecida, é um governo que ainda tem uma base social de apoio sólida – e cega – principalmente na classe média, que dificilmente migrará para uma oposição ao governo na atual conjuntura, mesmo que as recentes pesquisas mostrem um aumento da desaprovação ao presidente de extrema-direita.

Motivos não faltam para convergir esforços nas ruas nessa data simbólica da classe trabalhadora. O 1° de maio deve ser mais uma etapa no rechaço a esse governo que segue em passos largos para se tornar o mais nocivo aos trabalhadores em todos os tempos. Não só pelo fim da previdência, como pelo caráter excludente de sua política social, pelo desejo e projeto de privatizar os Correios e fatias da Petrobras, cortar verbas do serviço público, fechar os olhos para o massacre no campo feito pelos jagunços dos fazendeiros do agronegócio, no apoio silencioso às milícias nas grandes cidades, na aviltante e debochada declaração de Bolsonaro de que “O Exército não matou ninguém”, e do Ministro Sérgio Moro de que “Situações assim podem acontecer” sobre o assassinato, pelo Exército do motorista Evaldo dos Santos Rosa e do catador Luciano Macedo, com 80 tiros, no Rio, provando que vidas negras não importam para esse governo. Não devemos ter nenhuma ilusão nos militares e rechaçar e denunciar sua carta branca para matar, assim como a PM.

Por mais que o mote central da vitória eleitoral de Bolsonaro tenha sido a luta contra a corrupção, o PT e o comunismo (?), esse discurso não terá efeito prático por muito tempo, pois a pressão do mercado será intensa para os ajustes fiscais e, numa condição de piora de vida, aí sim, até mesmo sua “base sólida” poderá repensar o apoio ao governo.

A leitura equivocada na questão  internacional como no caso da Venezuela – apoio ao fantoche dos EUA, Juan Guaidó, declarações como o “Nazismo foi de esquerda” e “Perdoar o Holocausto” – demonstram o quão Bolsonaro é desprovido de conhecimento de fatos históricos, por mais que, paradoxalmente, tenha uma linha de desconstrução da história, tendo como seu mentor Olavo de Carvalho. Essas inserções desastrosas na política externa, como no caso da abdicação da soberania nacional em detrimento aos anseios de Trump para a região, também desagradam parte dos militares. Sem falar na crise do Twitter em que Carlos Bolsonaro, segue defenestrando tudo e todos, em que a bola da vez seja o vice Mourão. Ou seja, essa “base sólida” entre os militares também pode desmoronar.

Portanto, a luta contra a Reforma da Previdência é central neste momento. Uma derrota da proposta de Guedes causaria uma ecatombe no núcleo central do governo, abalaria o mercado financeiro e a proposta dos banqueiros de uma Previdência Privada. O ministro/banqueiro Guedes estaria na berlinda e o governo em apuros.

Para esse cenário ocorrer, é preciso que os trabalhadores entrem em cena – sem medo – e busquem se conscientizar para conscientizar os demais, pois parte da grande mídia que critica Bolsonaro no varejo, está ao lado do governo, no atacado, tentando alcançar corações e mentes para sua proposta mentirosa da “Nova Previdência”.

É preciso explorar as contradições do clã Bolsonaro, relembrar o episódio de corrupção de Flávio Bolsonaro/Queiroz e dizer em alto e bom som que o governo tem que taxar as grandes fortunas e cobrar a dívida de mais de R$400 bilhões que grandes empresas têm com a Previdência. Que os trabalhadores não devem pagar pela crise. Que a Previdência é superavitária e que vários estudos já comprovaram isso!.

Que a CUT e PT – direção do movimento sindical brasileiro – não vacilem e coloquem a estrutura dos sindicatos para além do 1° de maio.

É hora de unidade pra derrotar a Reforma da Previdência dos banqueiros, de Bolsonaro e de Guedes. No Dia Internacional dos Trabalhadores, todos às ruas rumo à GREVE GERAL!