Na manhã desta quinta-feira, 25, as redes sociais do prefeito municipal de Esteio, Leonardo Paschoal (PP), anunciaram com entusiasmo a chegada de uma filial das lojas Havan na cidade. A notícia foi prontamente confirmada pelas redes oficiais do município e nos grandes veículos de comunicação. Segundo consta, serão gerados 150 novos empregos na cidade. Em tempos de 14 milhões de desempregados, essa notícia deveria ser comemorada, mas o furo é mais embaixo.
Luciano Hang: assediador e porta-voz da extrema direita
Atualmente na lista de bilionários da revista Forbes, animador de auditório da extrema direita e militante das redes sociais, o empresário Luciano Hang tem colecionado bizarrices. Na eleição presidencial de 2018 recebeu uma multa milionária por obrigar os trabalhadores e trabalhadoras de sua empresa a vestir a camiseta de Bolsonaro e afixar cartazes na empresa, dizendo que somente a vitória daquele candidato garantiria a fábrica aberta.
Sua empresa tem lucro médio de R$ 5 bilhões por ano.
Ainda em 2015 A Justiça Federal condenou o empresário a 13 anos, nove meses e 12 dias de reclusão e ao pagamento de uma multa de R$ 1,245 milhão por crimes contra o sistema financeiro nacional e de lavagem de dinheiro.
No início de dezembro de 2018, acompanhado do apresentador Ratinho, vestidos com a tradicional pilcha gaúcha, estiveram na inauguração da primeira loja da Havan no Rio Grande do Sul, quando ele reivindicou “mais liberdade para poder trabalhar sábado, domingo e feriados” e “menos interferências de sindicatos” para abrir mais empreendimentos. Tendo gasto milhões na campanha do presidente, agora, naturalmente, instala filias país afora, usufruindo das vantagens de “amigo do rei” e buscando aumentar seus lucros exorbitantes, as custas do suor do povo.
Nesse discurso, anti-trabalhador e anti-sindicato, o prefeito de Esteio e o empresário estão bem alinhados.
O prefeito Paschoal e os empresários
A relação do prefeito com as empresas e mega empresários da cidade vem de longa data. Foram eles os principais financiadores da campanha dele e são fieis apoiadores das ações de seu governo, recebendo contratos, benesses e benefícios fiscais em contrapartida.
O prefeito, assíduo frequentador das redes sociais, não raro ataca os seus adversários políticos naquela rede. Dessa vez não está sendo diferente, ele tem usado as redes sociais para advogar em favor do empresário e atacar quem critica suas atitudes. Chegou ao cúmulo de atacar a presidente do sindicato dos municipários da cidade: quando essa questionou nas redes sociais sobre os benefícios fiscais e incentivos dados a empresa, ele não se preocupou em elucidar, como deveria, mas sim atacou ao sindicato, dizendo que a entidade “tem dívidas de todos os tipo”. Um escárnio, típico dos pequenos ditadores e meninos mimados.
Segundo o prefeito, “ninguém será obrigado a trabalhar lá” e a “adesão será voluntária da pessoa e escolha do empreendedor”. Em um país com mais de 14 milhões de desempregados, essa afirmação é demagógica, típica de quem defende a “livre negociação” entre empregador e empregado, de quem não conhece a realidade do povo trabalhador em nosso país.
Além disso, a cidade não esqueceu do vídeo em que o prefeito pediu voto para Bolsonaro na última eleição, confirmando a sua vocação autoritária e anti trabalhador.
E a cidade, como fica?
A chegada de um mega empreendimento, uma enorme loja de departamentos, coloca em situação bastante difícil o já combalido comércio local. A crise econômica e social tem impactado principalmente as cidades periféricas, como é o caso da nossa Esteio, diminuindo as receitas e fechando postos de trabalho.
Até o momento, o prefeito declara que “não há qualquer pedido de isenção ou benefícios fiscais protocolado pela Haven (sic), embora isso fosse possível, pois temos uma política de incentivo ao desenvolvimento Econômico…”. ou seja, deixa em aberto a possibilidade de conceder isenções e benefícios ao mega empresário.
Segundo as notícias, a empresa irá gerar 150 empregos. Não está evidente se são empregos diretos e em quais condições. É muito pouco para termos uma estátua da liberdade, símbolo da dominação norte-americana, em nossas fronteiras.
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