Com Bolsonaro, a vida do povo trabalhador só piora

Editorial 18 de abril
EBC

3 fatores confirmam a dinâmica de queda nas condições de vida da maioria da população

Passados os 100 primeiros dias do governo Bolsonaro, uma coisa é certa: a tal melhora na economia, nos índices de desemprego e no nível de vida do povo, até agora não veio e estamos assistindo, na verdade, a uma terrível piora nas condições sociais do Brasil.

Para ficar em alguns exemplos mais evidentes: nas últimas semanas vimos a redução nas estimativas de crescimento de nossa economia; um aumento no número de desempregados; e o congelamento do aumento real do salário mínimo.

Este cenário só vai aprofundar ainda mais a brutal desigualdade social existente em nosso país.

Tudo pode ainda piorar, caso seja aprovada a reforma da previdência, que vai dificultar ainda mais o acesso à aposentadoria, por idade ou tempo de contribuição, afetando principalmente os direitos das mulheres, dos idosos mais pobres e dos trabalhadores rurais.

Da estagnação à ameaça de uma nova recessão

Os protagonistas do golpe parlamentar afirmavam que bastaria eles chegarem ao poder para que os índices de nossa economia começassem a melhorar.

Mas, no período do governo ilegítimo de Temer, vimos a consolidação de um quadro de estagnação econômica.

O crescimento raquítico dos últimos anos pode piorar ainda mais agora, depois da eleição de Bolsonaro.

A euforia do mercado financeiro e das grandes empresas não foi suficiente para um crescimento expressivo nos investimentos privados. E a política de Estado mínimo impede um crescimento também nos investimentos públicos.

Na semana passada, o insuspeito Banco Itaú publicou uma análise onde rebaixa de 2% para 1,3% a previsão de crescimento da economia brasileira para 2019.

E, o que é pior, no primeiro trimestre deste ano, os primeiros meses de Bolsonaro na Presidência da República, existe um sério risco de termos vivido um crescimento negativo de nossa economia, na casa de 0,1%.

Ou seja, depois de vários trimestres de índices de crescimento muito pequenos, volta a existir o risco de um novo cenário recessivo.

O desemprego volta a crescer

Os golpistas diziam, também, que bastava realizar a reforma trabalhista e a ampliação da terceirização para as atividades fins das empresas que os empregos iriam se multiplicar.

Mas, a realidade foi muito distinta das promessas mentirosas de Temer e seus aliados. Os índices de desemprego se mantiveram excessivamente altos durante a sua gestão.

Os empregos não vieram, e houve, sim, um crescimento qualitativo dos empregos precários, com destaque para o aumento significativo na prática de contratos temporários.

Bolsonaro apoiou a reforma trabalhista de Temer e se elegeu afirmando que os trabalhadores deveriam optar em ter direitos ou ter empregos. Mais uma mentira deslavada.

Mesmo com toda a flexibilização dos direitos trabalhistas, especialmente nos últimos três anos, não vimos nenhuma melhora significativa na geração de empregos.

Já no governo Bolsonaro, segundo o próprio IBGE, o índice de desempregados subiu no último trimestre, chegando a 12,4%, superando a marca de 13 milhões de desempregados. Isso sem falar no imenso contingente de trabalhadores que sequer procuram por empregos atualmente.

Congelamento do salário mínimo

Para fechar a verdadeira “caixa de maldades”, a equipe econômica de Paulo Guedes acaba de anunciar o fim da política de concessão de aumento real, acima de inflação, para o salário mínimo.

Hoje, o salário mínimo é de R$998,00 e passaria, em 2020, para R$ 1.040,00. Sendo reajustado apenas de acordo com a perda inflacionária.

No mês passado, pela imprensa, o vice-presidente, o General da reserva Hamilton Mourão, chegou a chamar a política de valorização do salário mínimo de “vaca sagrada” e a afirmar que ela tinha que acabar. Dito e feito.

Se esta política de impedir o aumento real do salário mínimo fosse aplicada nos últimos anos, o valor do salário mínimo não chegaria atualmente a R$ 500. Um absurdo.

O congelamento do salário mínimo vem coroar a política de arrocho salarial e perdas de direitos. Bolsonaro quer jogar nos ombros dos trabalhadores todo o peso das dificuldades da nossa economia.

Nenhuma medida sequer para acabar com as isenções fiscais ou para sobretaxar as grandes fortunas e o lucros exorbitantes dos banqueiros e grandes empresários.

Por exemplo, o Governo Federal e todos os governos estaduais renovaram um contrato que prevê isenção fiscal na venda de produtos agrícolas para os latifundiários.

A flexibilização de diretos trabalhistas e previdenciários e o congelamento do salário mínimo e o arrocho salarial são a comprovação da política anti-povo trabalhador deste governo.

A saída é apostar na mobilização unificada

Não existe espaço para uma negociação minimamente justa com este governo de extrema-direita e nem com esse Congresso Nacional de maioria corrupta e reacionária.

O único caminho a seguir é o fortalecimento do processo de mobilização contra a reforma da previdência, que se iniciou com o 8 de março, Dia Internacional de luta das Mulheres, passando pela realização do dia nacional de lutas de 22 de março.

Depois das manifestações unificadas do dia 1 de maio, as Centrais Sindicais, a Frente Brasil Popular e a Frente Povo Sem Medo devem convocar, conjuntamente, um novo dia nacional de lutas e paralisações, ainda para o mês de maio, ampliando as mobilizações contra a reforma da previdência e construindo as condições para uma nova greve geral em nosso país.