Nos últimos meses, não por coincidência, desde o início do governo Bolsonaro, estamos assistindo o fuzilamento do povo negro, sobretudo, dos homens. Seja nas palavras de Paula, a miss KKK do BBB 19, ao nos definir como “assassinos”, ou no mata-leão do segurança que matou Pedro Henrique Gonzaga no supermercado, ou ainda nas moças brancas xingando o trabalhador de uma rede de fast food. Entretanto, foi outro fuzilamento, esse devidamente feito com balas e armamento de guerra que ganhou as páginas dos jornais.
As 80 balas que atravessaram o carro de Evaldo Rosa, tinham a mesma marcas das endereçadas ao jovem Kauan de 12 anos, quando saiu para comprar um lanche enquanto o passava uns dias na casa do pai. Eram todas timbradas por esse Estado racista. Apesar de ocupar as manchetes de jornal, o que não chega ser uma novidade, o corpo do preto que tinha 2 trabalhos perfurado a tiros de fuzil, não comoveu, a mulher negra chorando a perda de seu “melhor amigo” e o filho perguntando pelo pai, gerou menos empatia do que a cadela do Carrefour. Importante, sobretudo, para a àqueles defensores da tese “homens de bens não tem o quê temer”, Evaldo trabalhava, tinha conquistado alguns bens materiais, entre eles o carro fuzilado. Era um pai, não havia abandonado o filho, era, nas palavras dela, o “melhor amigo” de sua esposa. Mesmo assim, morreu numa situação que sintetiza a falácia vendida pelo sistema: “só os maus morrem”. Morreu sem comover ninguém, o presidente do “se tem que morrer alguns inocentes”, ficou em silêncio. O ministro da justiça, Sérgio Moro, chamou de “incidente” e continua sua marcha para aprovar o projeto da “licença para matar” para as forças armadas do Estado.
A receita agora é cada vez mais aplicada, os governos, para parafrasear um poeta contemporâneo, vão curar baixa escolaridade com auto de resistência e todas as outras mazelas sociais, e será o povo negro o maior sofredor. Não bastasse a solução genocida do Estado, a desumanização do homem negro (se é que ainda podemos chamar assim, pois até os “pet’s” gozam de maior empatia), ainda assistimos aqueles que enaltecem a matança e os matadores. O governo do Pará, cumpriu a promessa e trouxe a Força Nacional para “combater a criminalidade”, o fato é, até agora nada, ou quase nada mudou, as periferias ainda assistem várias execuções diárias garantindo as capas de jornais sensacionalistas! A presença da FN sob o comando de uma mulher, fez com que algumas mulheres enaltecessem o empoderamento, uma delas, questionada nas redes sociais sobre o genocídio da população Negra disse: “apesar disso, ainda vejo como positivo”, ora pois, é só um genocídio… Mas tudo começou com Úrsula Vidal, a mesma que até dia desses andava cheia dos turbantes e colares fazendo referência a África, candidata pelo PSOL-Pa ao senado, agora está alinhada ao governo de Helder Barbalho do PMDB e a galera do “apesar de”…
A morte do Evaldo e todos outros fuzilamentos me causam medo, raiva… mas acho que a tarefa agora é fortalecer as coletividades entre os pretos, isso aumentará um pouquinho nossa chance de sobrevivência, longe de querer uma guerra com os brancos, precisamos nos cercar de quem tem alguma empatia pelo povo negro, para travar essa luta contra o Estado genocida e, para lembrar o que diz o Djonga, tocar fogo nos racistas, com idéias e solidariedade entre nós!
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