Estes são os resultados provisórios do simulacro eleitoral em Israel, numa eleição onde Netanyahu pode ser ultrapassado pela direita, mas deve continuar Primeiro Ministro, a extrema-direita terá mais de dois terços dos votos e o campo sionista ultrapassa os 90% dos lugares do Knesset, o parlamento da colónia.
1 – A esmagadora maioria do eleitorado aceitou tomar parte no duelo entre o fanático Benjamin Netanyahu e o ainda mais fanático Benny Gantz, o tal general que se orgulhou de ter deixado Gaza na Idade da Pedra. Para que se perceba melhor o absurdo desta disputa é como se Jürgen Stroop, o comandante dos carrascos do gueto de Varsóvia tivesse mais votos que Hitler numa disputa do Reich.
2 – Somados, Gantz (da Aliança Azul e Branca de três partidos: Israel Resilience Party, Yesh Atid e Telem, todos no campo do sionismo conservador) e Netanyahu (Likud) totalizam perto de dois terços dos votos, mas não fica por aqui o campo da extrema-direita sionista. No último terço eleitoral conta-se ainda a Federação Sefardita dos Guardiões da Torah (Ultra-ortodoxo e conservador), a Unidade Judaica da Torah de dois partidos sionistas ultra-ortodoxos (Degel Torah e Agudat), a Rightist Union (frente de partidos do campo da direita sionista), o Kulanu do centro-direita sionista e o Yisrael Beitenu (sionismo ultranacionalista).
3 – O campo sionista não fica completo sem a esquerda sionista, mesmo tendo sido praticamente varrida do mapa, com o Labour (este há muito rendido ao militarismo sionista do Likud e à aliança com os EUA), e o Meretz, seu velho aliado no governo da farsa de Oslo que Israel nunca teve intenção de cumprir.
4 – A única boa notícia é que o Hadash, única opção fora do espectro do sionismo, uma coligação de partidos das esquerdas (comunistas vários, socialdemocratas, etc.), e o único partido com presença significativa da minoria árabe, que tem cidadania israelita, ainda pode ser a terceira força política.
5 – Tal feito, porém, valerá de pouco face à polarização entre Gantz e Netanyahu e à proliferação de partidos conservadores e nacionalistas com representação que irão provavelmente viabilizar a continuidade de Netanyahu, agora com a confiança de 90% do eleitorado para aumentar a intensidade da ocupação integral da Palestina.
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