O que nós, jovens dos 15 aos 25 anos, temos a ver com a Reforma da Previdência defendida por Paulo Guedes, Bolsonaro, os banqueiros e cia? Temos muito a ver com essa Reforma. Por vários motivos e os colocarei abaixo, mas é importante que digamos desde o começo, nós como juventude seremos afetados pela Reforma sem dúvida alguma, entretanto, mulheres, negras e negros, LGBTs e todos aqueles que desde sempre são prejudicados no atual “mercado de trabalho” sofrerão mais ainda a desigualdade.
Fato é que a Previdência Social no Brasil vive momento difícil, mas não se trata do caos que é estabelecido pela burguesia no Brasil. Precisamos de uma Reforma de Previdência que taxe as grandes fortunas, taxe lucros e dividendos e, pra além disso, sou da opinião de que de nada adianta só uma Reforma. A realidade brasileira nos traz a necessidade de entender que pautas centrais para o desenvolvimento do país estão interligadas.
Michel Temer em 2017 e 2018 tentou a todo custo aprovar a Reforma da Previdência, entretanto, as ruas barraram. Numa necessária unidade das Centrais Sindicais. Aprovou a Reforma Trabalhista com o discurso de que era necessária para a geração de empregos, fato é que ela naufragou. O desemprego no terceiro mês de Governo Bolsonaro cresceu. Já temos cerca de 30mi de brasileiros desempregados.
Agora, pra além de desempregados querem nos proibir de nos aposentar. Paulo Guedes, o Ministro da Fazenda e principal articulador da Reforma da Previdência, colocou mudanças traiçoeiras nas entrelinhas da Reforma. Guedes e Bolsonaro pisam na dignidade dos trabalhadores de se aposentarem satisfatoriamente depois de vários anos de contribuição ao país.
A Reforma obriga, por exemplo, todos os que querem se aposentar por tempo de contribuição, a pagarem um “pedágio” de 50% do tempo restante para a aposentadoria, ou seja, se chegar aos 28 anos de contribuição para a Previdência Social, com 60 anos de idade ou mais, terei que trabalhar pelo menos mais um ano antes de me aposentar, isso porquê ainda faltariam dois anos de contribuição.
Podemos pensar que a Reforma busca taxar os lucros e os grandes banqueiros, “acabar com privilégios”, como disse o próprio Paulo Guedes. Mas, não. Não é nada disso, a Reforma defende os banqueiros, defende um sistema de capitalização que já falhou no Chile e hoje nosso vizinho na América Latina tem a maior taxa de suicídios entre idosos no mundo. Bolsonaro quer isso para o Brasil, quer que nossas aposentadorias sejam entregues nos cemitérios das cidades.
Precisamos entender, com urgência, que desde o dia 1 de Janeiro de 2019 temos um fascista no poder. A milícia chegou à Presidência do país com o voto popular. Esse ponto é o mais importante da caminhada, porque o mesmo povo que elegeu Bolsonaro é capaz de derrotá-lo. Não podemos cair na enganação de achar que todos os eleitores de Bolsonaro são fascistas e não foram influenciados por milhares de Fake News. Muitos dos mais de 55mi de brasileiros que votaram em Bolsonaro são trabalhadores, que sentem na pele a exploração.
A Reforma da Previdência tem de ser barrada pela juventude e pela classe trabalhadora nas ruas. Invadiremos as principais avenidas, as escolas e as universidades serão polos de resistência à aprovação dessa Reforma. Nossa principal tarefa é conscientizar o trabalhador sobre o absurdo que será trabalhar até os 60 anos, se forem mulher, ou 65, se forem homens. Pra além disso, contribuir ininterruptamente por 20 ou 25 anos é praticamente impossível no Brasil. Hoje mesmo, dia 9 de abril de 2019, após três meses de Governo, o desemprego só aumenta. A rotatividade do mercado de trabalho tem sido cada vez menor, ou seja, quem está, está. Quem não está, não entra.
Essa realidade dói, é dura. Temos de pensar nos pais e mães que têm de sustentar vários filhos. Podemos pensar, inclusive, em todos os jovens que cada vez mais cedo têm de trabalhar para ajudar em casa e sustentar a família. Bolsonaro e Rodrigo Maia já disseram que não querem fazer a Reforma da Previdência, mas são ‘obrigados’, ou seja, eles sabem que ela sozinha não fará diferença. Assim como a Reforma Trabalhista, as duas somente funcionarão quando o problema da desigualdade social no Brasil for resolvida.
As reformas funcionarão quando as mulheres não ganharem 40% a menos que os homens. Quando os negros não ganharem 60% menos que os brancos em empregos com a mesma função. Funcionarão quando jovens não tenham que trabalhar desde os 12, 13 anos para sustentar a sua casa. Funcionarão quando o governo for pra todos, e não para os banqueiros.
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