Nesta quarta-feira (3) o movimento estudantil da Universidade Estadual da Bahia (Uneb) deu mais um passo na retomada da luta pela defesa da educação pública. Com o teatro do campus Salvador lotado, cerca de 800 estudantes aprovaram estado de greve. Durante todo o dia, outras assembleias, plenárias e reuniões ocorreram pelos 24 campis da universidade espalhados pela Bahia. Nos campi de Teixeira de Freitas, Serrinha, Alagoinhas, Eunápolis e Santo Antônio de Jesus a greve também foi discutida. Na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb) o movimento estudantil também aprovou estado de greve.
A assembleia da Uneb também organizou um comando de mobilização estudantil. Radicalizados, no final da assembleia estudantes marcharam até a Reitoria da universidade e neste momento realizam uma ocupação. Outros encaminhamentos foram aprovados, tais como um ato público na sexta-feira (5).
Nesta quinta ocorrerão assembleias docentes nas quatro universidades estaduais baianas (Uneb, Uefs, Uesb e Uesc) com a pauta da deflagração da greve.
“Todos os CAs/DAs assinaram a convocatória da assembleia. Essa articulação foi muito importante para construir esse momento histórico que, com certeza, é um marco na luta estudantil da Uneb. Esse é o momento de dizermos sem medo: não à política de desmonte da educação pública imposta pelo governador Rui Costa! As universidades estaduais são um patrimônio o povo baiano. É inadmissível que no estado que foi um dos principais polos de resistência da luta contra Bolsonaro, a educação pública seja tratada dessa forma por um governo petista. Não aceitaremos! Rui precisa escolher de que lado ele vai estar: do lado da educação pública e da resistência ou do lado daqueles que querem acabar com as universidades. Agora é preciso aumentar a mobilização rumo à deflagração da greve”, demarcou Gustavo Mascarenhas, representante do CA de Ciências Contábeis e militante do coletivo Afronte.
A construção da agenda de mobilização tem como principais objetivos ampliar o debate sobre a crise nas estaduais da Bahia, o desmonte das universidades públicas estaduais e deflagrar a greve. As aulas do ano letivo de 2019 iniciaram-se com enormes reflexos do contingenciamento orçamentário imposto pelo governador. Com laboratórios quebrados, terceirizados demitidos, salas de aula sem ar condicionado, edital de bolsas estudantis suspenso, estudantes e professores da Uneb se mobilizam desde março por soluções.
Na última semana, por exemplo, o curso de psicologia realizou diversas mobilizações. Kelly, do CA de psicologia e também do Afronte, explica: “as condições das salas estavam inviáveis. Nos mobilizamos contra isso e também por causa da negligência do governo. A nossa mobilização cresceu e desde a última semana estamos fazendo ações na reitoria. O reitor também precisa se posicionar, pois ele é quem gere a universidade. É preciso que ele tenha um posicionamento coerente de alguém que defende a universidade pública, gratuita, laica e de qualidade. Não dá pra continuar sendo conivente com as posturas do governador, que não prioriza a educação”.
De acordo com a administração central da universidade, no ano de 2018, apenas entre os meses de agosto e novembro, a Uneb enfrentou um contingenciamento de 55% do orçamento estimado. Apesar do nítido cenário de precarização, o Governador da Bahia se mantém em silêncio sobre a situação das universidades baianas.
Outros setores do Estado também enfrentam desgaste com o governo, como o funcionalismo público, que está há quatro anos com os salários congelados. Além disso, os servidores acumulam pontos de indignação com o governo como o aumento da alíquota previdenciária de 12% para 14% e redução dos investimentos públicos no plano de saúde do servidor (Planserv).
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*Priscila Costa é militante do coletivo Afronte.
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