Eleições na Holanda: Fórum para a Democracia, novo partido de extrema direita, abala coalizão de governo


Publicado em: 3 de abril de 2019

Mundo

Victor Amal, de Florianópolis, SC

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Criado em 2016 pelo professor universitário Thierry Baudet, o Fórum para a Democracia (FvD) é o mais novo partido populista, anti-Islã e de extrema direita da Holanda. Apesar de nas eleições de 2017 o FvD ter obtido apenas duas cadeiras no parlamento holandês, agora, no dia 15 de março de 2019, estreou de forma surpreendente no Senado: obteve 12 representações de um total de 75, tornando-se a maior agremiação da Casa, junto do Partido Popular para Liberdade e Democracia (VVD), do primeiro-ministro Mark Rutte. Esta situação pode colocar a coalizão de governo em risco, uma vez que a vitória do Fórum acabou com a maioria construída por Rutte com o Apelo Democrata-Cristão (CDA), Democratas 66 (D66) e a União Cristã (CU).

Quem é o Fórum para a Democracia (FvD)?

O programa da FvD gira, basicamente, em torno de dois temas. Primeiro, em relação a imigração, pretende encerrar tanto o acolhimento de refugiados como a imigração legal. Ademais, pretende lançar o “Ato de Proteção dos Valores Holandeses”, que utiliza a conservação da cultura holandesa como pretexto para cerceamento da liberdade religiosa dos praticantes da fé muçulmana. Segundo, em relação à economia, o partido defende o corte abrupto de impostos, tanto de pessoas físicas quanto de empresas.

Além disso, vale ressaltar que o partido defende o militarismo – com o aumento do orçamento das forças armadas holandesas e expansão do contingente de reservistas do exército – assim como o populismo político, através da promoção de um sistema de referendos. A combinação programática da extrema direita contemporânea, portanto, se mostra evidente: islamofobia, neoliberalismo, militarismo e populismo.

Assim como os demais agrupamentos de extrema direita europeus, o FvD defende a saída da Holanda da União Europeia (UE). Segundo eles, a UE impede que os países-membros interrompam a imigração e apliquem um projeto econômico “verdadeiramente neoliberal”. Comungam, portanto, com a teoria da conspiração que percebe a UE como uma organização de extrema esquerda (sic) que promove a imigração muçulmana, o multiculturalismo e o socialismo para acabar com as nacionalidades do continente.

Coalizão de governo em perigo

A Holanda é uma monarquia parlamentarista governada por duas câmaras. De um lado a Casa dos Representantes, eleita diretamente e responsável pela criação das leis; e de outro o Senado, eleito indiretamente pelos Conselhos Regionais e responsável por aprovar as leis propostas pela Casa dos Representantes.

O Senado é composto por 75 cadeiras, sendo que 38 são necessárias para estabelecer maioria simples. Após as eleições regionais de 2015, o VVD mantinha maioria na casa através de aliança com a CDA, D66 e CU. Entretanto, em 2019, este grupo perdeu 7 representações em relação às eleições passadas, perdendo a estreita maioria que possuía anteriormente.

Rutte, que afirmou que todas as opções estão na mesa, terá que recorrer a partidos de centro, esquerda, ou extrema direita para recompor a maioria. Dado o giro a direita do VVD nesta última eleição, é improvável que os partidos de centro e de esquerda – Esquerda Verde (GL), Partido Operário Social Democrata Holandês (PvdA) e Partido Socialista (SP) – componham a coalizão. (1)

Por outro lado, o Fórum parece desejar permanecer na condição de oposição anti-establishment, que o fez crescer mais do que seu adversário de extrema direita, o PVV de Geert Wilders – que ficou em terceiro lugar nas eleições da Casa dos Representantes em 2017 e aparecia até então como principal força política de extrema direita na Holanda.

 

 

NOTAS

1 – Apesar de os Verdes (GL) terem se mostrado a principal surpresa positiva do campo da esquerda – pulando de 4 para 9 cadeiras no Senado – esta ocorreu às custas do SP, que caiu de 9 para 4 cadeiras, enquanto o tradicional PvdA perdeu uma cadeira, ficando apenas com 7 representações.

REFERÊNCIAS
Dutch Review
Al Jazeera


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