Aborto: um debate necessário, pela vida das mulheres
Publicado em: 2 de abril de 2019
Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), 47 mil mulheres morrem anualmente de complicações causadas por aborto inseguro e outras oito milhões ficam com algum tipo de sequela. Mulheres que praticam aborto em países onde ele não é permitido têm 275 vezes mais chances de morrer do que em países onde ele é legalizado.
Criminalizar não evita o aborto, a proibição só prejudica as mulheres pobres que não podem pagar pelo procedimento. As mulheres ricas quando decidem abortar, o fazem de forma segura em clínicas equipadas

e com profissionais capacitados, e não são incomodadas. Já as mulheres pobres, além de ficarem sujeitas ao aborto inseguro através de chás ou medicamentos ilegais sem orientação médica, clínicas insalubres e sem estrutura ou métodos terríveis e falhos, ainda correm o risco de serem processadas e presas.
Aborto no Brasil, entre a morte e a prisão: o Brasil é um dos campeões do aborto. Estima-se que ocorram de 500 a 800 mil abortos clandestinos todos os anos e uma média de 200 mil internações por abortos mal sucedidos. É a 4ª causa de morte materna, sendo que diariamente quatro mulheres morrem por complicações de aborto.
No Brasil, pra quem provoca o aborto em si mesma, a pena é de detenção por 1 a 3 anos, sendo que participantes do ato podem ser criminalizados da mesma maneira. Ainda há um projeto de lei (PSL 460/2016) em andamento que pretende criminalizar a instigação. Ou seja, qualquer incentivo poderá ser considerado crime, mesmo sem caso concreto de aborto. A legislação brasileira também prevê contravenções penais, como a 3688/41, que criminaliza quem anuncia meio abortivo publicamente, além do artigo 273 do Código Penal, que pune também a quem fornece ou vende medicamentos abortivos.
Quem aborta no Brasil não são criminosas assassinas, são trabalhadoras, muitas casadas e mães de família, várias freqüentam a igreja e algumas sofrem com a violência doméstica e sexual. Todas elas são vítimas do sistema capitalista.
O aborto no Brasil só é legal em três casos: gravidez resultante de estupro, risco para a vida da mulher e feto anencéfalo.

Defender legalização não é incentivar o aborto, legalizar significa garantir que as mulheres possam realizar o procedimento de forma segura e gratuita pela rede do SUS (Sistema Único de Saúde), tornando o Estado responsável pela promoção de políticas publicas e investimentos para isso, bem como de medida preventivas para evitar que as mulheres tenham que recorrer ao aborto. Significa também programas de orientação sexual e planejamento familiar, distribuição de contraceptivos sem burocracia, treinamento de profissionais, campanhas educativas e demais iniciativas.
Pela vida das mulheres, nós lutamos por educação sexual para decidir, contraceptivos para não engravidar, aborto legal e seguro no SUS para não morrer! Legalizar já!
Top 5 da semana

brasil
Prisão de Bolsonaro expõe feridas abertas: choramos os nossos, não os deles
brasil
Injustamente demitido pelo Governo Bolsonaro, pude comemorar minha reintegração na semana do julgamento do Golpe
psol
Sonia Meire assume procuradoria da mulher da Câmara Municipal de Aracaju
mundo
11 de setembro de 1973: a tragédia chilena
mundo