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Comemorar a resistência: Fortalecer os atos de protesto ao golpe militar

da redação
Evandro Teixeira

O pronunciamento do porta-voz do governo Bolsonaro, confirmando a determinação de que as Forças Armadas façam as “comemorações devidas” nos quartéis durante a passagem dos 55 anos do golpe militar de 1964, provocou uma ampla reação. Imediatamente, lideranças da oposição no Congresso Nacional se pronunciaram e até mesmo o Ministério Público e a Defensoria Pública Federal repudiaram a orientação e cobraram explicações ao presidente.

Nas redes, a revolta foi ainda maior. Dezenas de atos foram marcados e as iniciativas que já estavam agendadas por grupos de Direitos Humanos e em defesa das vítimas da ditadura ganharam reforço. O domingo, 31, será um dia de luta, de irmos às ruas, de lembrar os mortos e desaparecidos pela ditadura e os milhares, que morrem todos os dias nas periferias, no campo e na floresta, vítimas das forças de segurança e de pistoleiros.

 

Ditadura nunca mais

O pronunciamento foi visto como mais do que uma provocação de um presidente que, quando deputado e durante a campanha, reivindicou abertamente a ditadura militar e elogiou torturadores, como Carlos Alberto Ustra. Além de elogios aos ditadores Pinochet, do Chile, e Stroessner, do Paraguai.

A iniciativa é uma tentativa de reescrever a história, de negar o golpe, o fechamento das instituições, a tortura e os assassinatos. A ditadura existiu, o golpe teve apoio das empresas e do imperialismo norte-americano, e, assim como em quase todo o continente, foi sangrento, responsável pela morte e tortura de oponentes. Não se pode apagar a História, assim como não é possível negar a escravidão no Brasil e sua herança para os dias de hoje.

Da mesma forma, não é possível depositar confiança em setores da cúpula militar que integram o governo e, agora, procuram evitar comemorações. Estes setores hoje buscam fazer “política” e se apresentar como alternativa diante das trapalhadas e bizarrices de Bolsonaro e o PSL. Em especial tentam se mostrar como opção ao grande empresariado, como demonstrou a fala do vice-presidente, Mourão, na Fiesp.

Mas, a cúpula militar nem de longe é democrata e, de fato, sempre reivindicou abertamente o golpe de 1964, tratando os militares deste período como heróis. É esta cúpula que atuou para que os crimes da ditadura permanecessem impunes até hoje. Se agora amenizam o discurso e evitam o confronto é porque entendem que isso pode atrapalhar a condução de suas prioridades, como a reforma da Previdência.

O Esquerda Online convoca todos e todas a estarmos nas ruas nesse domingo, 31, e nas demais atividades, no dia 01 de abril, com a mais ampla unidade. É preciso lembrar o passado, para evitar que se repita. É preciso responder a altura as provocações da extrema direita, que exaltam a ditadura, ameaçam as liberdades democráticas, e perseguem ativistas, mulheres, negros e negras e lgbts.