Nos últimos dez dias, três mulheres foram assassinadas pelos “maridos” na região do ABC paulista. Apenas no dia 18 de março foram duas mortes na cidade de Santo André. São ações praticadas com requintes de crueldade, como oito tiros após atropelamento, e esquartejamento e guarda do corpo na geladeira. Desde o início do ano, foram pelo menos cinco mulheres mortas por homens que se julgavam nesse direito.
A revolta contra a violência que ameaça as mulheres foi combustível para um vigoroso ato na cidade de Santo André no dia 9 de março, denunciando o feminicídio e a retirada de recursos para manutenção e ampliação das políticas de combate a violência. Entre 2018 e 2019, por exemplo, os recursos para a manutenção das casas abrigo da região foram cortados em 30%.
A região tem se mostrado uma área de muito risco para mulheres, com uma média de um estupro a cada 18 horas em 2018 (foram 499 casos), enquanto para o mês de janeiro de 2019 a média já subiu para um estupro a cada 16 horas. Esses são os dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo e consideram apenas os casos que foram levados às delegacias, por isso é provável que os números sejam ainda maiores.
A situação tende a se agravar com os cortes nos serviços públicos aplicados pelos prefeitos das sete cidades da região, pelo governador João Doria e pelo presidente Jair Bolsonaro. Não devemos nos iludir, quando esses governantes falam em “enxugar a máquina” ou “reduzir o peso do Estado”, estão se referindo aos serviços públicos que a população mais vulnerável precisa.
Cada uma das cinco mortes de mulheres esse ano, e cada um dos 46 estupros teve como co-responsável cada um dos prefeitos que estão cortando verbas das políticas para combate à violência. E não apenas eles, a responsabilidade das mortes é também daqueles que defendem a flexibilização da posse de armas de fogo, que tornam ainda mais perigoso o ambiente doméstico para as mulheres.
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