Panfletagens, manifestações, paralisações e assembleias em várias cidades do Brasil marcarão o dia de luta. Centrais sindicais, sindicatos, movimentos sociais e entidades estudantis estão organizando de forma unitária esta data que pode ser um importante passo na luta contra a reforma da previdência.
Barrar esta contrarreforma é uma necessidade da classe trabalhadora brasileira. A reforma é um ataque aos mais pobres, aumentando o tempo de contribuição, diminuindo os valores das aposentadorias e até mesmo de benefícios como o BPC, pago a idosos sem renda ou a portadores de deficiência. 23 milhões de pessoas perderão o direito de sacar o abono do PIS. Os setores mais vulneráveis ficarão ainda mais vulneráveis. O regime de capitalização, sobre o qual pouco se fala, é o fim da previdência pública, entregando nas mãos de fundos privados e bancos a administração de uma poupança individual feita exclusivamente pelos trabalhadores, sem contrapartida do Estado ou da patronal.
Aprovar esta reforma é prioridade para o Governo Bolsonaro, para os grandes empresários e banqueiros. Para a classe trabalhadora, a prioridade deve ser derrotá-la. Para isso, precisamos parar o país, construindo uma greve geral, como fizemos sob o governo Temer, em 2017.
Não será fácil. Desde o golpe parlamentar, os trabalhadores estão em uma situação defensiva, sofrendo muitos ataques, como a reforma trabalhista, a PEC do teto dos gastos e a própria eleição de Bolsonaro, um governo ultraliberal, privatista e contra os trabalhadores, em especial seus setores mais oprimidos: mulheres, negros e negras e LGBTs.
Mais recentemente, o governo Bolsonaro, temendo o poder de mobilização das organizações dos trabalhadores, editou a MP 873, que proíbe o desconto em folha de pagamento de contribuições sindicais. Empresas como a Petrobrás já notificaram os sindicatos de que as mensalidades não serão mais recolhidas pela empresa e deverão ser pagas via boleto bancário pelos trabalhadores.
Mas, apesar de difícil, é possível reverter esta situação. Unificar as organizações dos trabalhadores, como os sindicatos, centrais sindicais e movimentos sociais na construção de mobilizações e dias de luta, como o dia 22, é fundamental para acumular forças em direção à construção da greve geral que necessitamos para barrar esta reforma.
O Fórum Sindical, Popular e de Juventudes de Luta por Direitos e Liberdades Democráticas, cujo lançamento nacional ocorreu em São Paulo, no dia 19/02, deve ser construído nos estados Brasil afora para promover atividades, confeccionar materiais, auxiliar os sindicatos e demais organizações a construir um grande dia de lutas em 22 de março.
Atividades como a Jornada Nacional de Debate sobre a Previdência, que será aberta em 19/03, e o lançamento de uma Frente Parlamentar Mista em Defesa da Previdência Social, no dia 20/03, na Câmara dos Deputados, engrossarão a mobilização para o dia 22. Já no dia 22, setores importantes como os professores da rede estadual e das escolas técnicas de São Paulo e os professores da rede estadual do Rio de Janeiro paralisarão suas atividades. Uma manifestação com os trabalhadores das montadoras do ABC paulista, que também estão sendo duramente atacados, será feita na via Anchieta. No final da tarde, em diversas capitais, como Rio e São Paulo, os trabalhadores se concentrarão em manifestações unitárias.
Para construir um grande dia de luta, precisamos dialogar com cada trabalhador e trabalhadora, em cada local de trabalho, estudo e moradia, explicando que esta reforma não é para acabar com privilégios, como diz o governo, e sim para acabar com o direito básico à aposentadoria e que, para derrotá-la, vamos precisar lutar juntos. É preciso mobilizar os trabalhadores também para defender seus sindicatos, pois precisaremos muito deles para organizar a ofensiva contra nossos direitos.
O mês de março já foi palco de importantes mobilizações dos trabalhadores, em especial das mulheres. Tomamos as ruas no 8 de março, Dia Internacional de Luta das Mulheres. Também no dia 14 de março, realizamos atos em todo o país, lembrando 1 ano e pedindo justiça pelo assassinato de Marielle e Anderson.
Nesta semana, a tarefa de cada um de nós é convencer nossos colegas de trabalho a dar sua contribuição para esta luta, participando de uma panfletagem, de uma manifestação, de uma assembleia. As centrais sindicais, em especial a CUT, e os sindicatos, devem colocar toda a sua estrutura e força militante para construir as mobilizações do dia 22 e, depois dele, apontar imediatamente um calendário de lutas que possa acumular forças para a tão necessária greve geral.
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