Na manhã desta quarta-feira um crime bárbaro chocou o país. Dois indivíduos armados com uma besta (espécie de arco e flecha disparada por gatilho) e um revólver, invadiram a Escola Estadual Professor Raul Brasil, em Suzano (SP). Os responsáveis pela execução dos estudantes e funcionários da escola se suicidaram após a prática delitiva.
É notório que muito se deve à falta de segurança nas escolas, onde há falta de tudo aquilo que é mais essencial para uma educação digna, tanto para os estudantes, quanto para os professores que se desdobram muitas vezes em três períodos para cumprir a missão de ensinar e sobreviver. Estudei parte da minha vida em escola pública. Na época já acontecia de tudo, desde tráfico, até agressões e ameaças contra alunos e professores.
Esse caso me fez lembrar outro que ocorreu na Escola Estadual José Nantala Badue, em Bragança Paulista. Lá, há alguns anos, um aluno foi executado por outro no banheiro da escola. Com certa frequência nos deparamos com fotos em redes sociais de estudantes dentro de escolas do país exibindo armamento, na maior parte da vezes apontados na direção de seus professores, que estão de costas escrevendo no quadro. Só essas fotos já demonstram a evidência gritante da necessidade de maior segurança no ambiente acadêmico, repetida e lamentavelmente ignorada pelo Estado. Ou seja, não pode ser tratado como um caso isolado no Brasil. A proporção é maior, mas as práticas criminosas são frequentes. O Estado é negligente e tem grande parcela de culpa. Não se deve transformar escolas em quartéis, porém, deve-se garantir a segurança de quem a habita.
Não é preciso e nem coerente armar os professores, como Major Olímpio (PSL) propõe. Um detector de metais e vigilantes poderia ter evitado, ou, pelo menos dificultado essas mortes. Deve-se em verdade armar os professores com melhores condições de trabalho em sala de aula e remuneração que permita uma vida digna, ofertar um tratamento melhor que aquele que temos visto durante as manifestações da categoria, ouvir e atender, jamais reprimir.
João Dória, Governador do Estado de São Paulo, foi até a escola depois do ocorrido para lamentar sob as lentes das câmeras a própria incompetência. Dória está ao lado e fez propaganda eleitoral junto de Jair Bolsonaro, que ensinou uma criança a gesticular uma arma, que quer facilitar ainda mais o acesso a armas de fogo para a população despreparada, que prega discursos de ódio e fala sobre fuzilar pessoas com naturalidade e exaltação.
Portanto, Governador, deve-se escolher lado. O momento é muito triste, mas não adianta fazer cara de choro na frente das câmeras e de outro lado andar junto com quem defende atrocidades, parecerá sempre teatro barato revestido de populismo. Tome as providências que você e seu partido deixaram de tomar durante anos de governo e trabalhe com eficácia (e não é com ração – farinata), não negligencie ainda mais a segurança e educação de nossas crianças.
Foto: Clauber Cleber Caetano/PR
* jurista, ativista, membro independente do PSOL de Bragança Paulista. Esse artigo representa as posições do autor e não necessariamente a opinião do Portal Esquerda Online. Somos uma publicação aberta ao debate e polêmicas da esquerda socialista.
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