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BRASIL

Escândalo: Presidente do Banco do Brasil é contra curso de equidade de gênero da UniBB

Por: Bento José, de São Paulo, SP

O Banco do Brasil na sua história não teve uma vice-presidente ou presidente mulher. Existem raríssimos casos de diretoras mulheres no banco. A ascensão para os maiores cargos de comissão do banco funciona como um funil que tem como corte o pertencimento de gênero, entre outros marcadores, como raça e orientação sexual.
 
O assédio moral e sexual continua sendo um problema sério no banco, que levou a várias condenações do banco na justiça, mas que não promoveu uma diminuição de casos a partir de políticas de sensibilização para questões da desigualdade de gênero no banco. Ainda faltam canais isentos de denúncia e também políticas de RH consolidadas e efetivas para inibir tais práticas e promover metas de contratação, retenção e desenvolvimento de carreira de mulheres. O BB foi condenado inclusive pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) por considerar que o assédio moral no interior do banco é sistêmico.
 
Até agora, as políticas do banco têm sido insuficientes para resolver a questão e o assédio moral e suas implicações no desenvolvimento de carreiras das mulheres, e o banco continua reproduzindo políticas que reforçam o machismo e estruturas desiguais de poder, cujas práticas de assédio moral e sexual continuam proliferando no interior do banco. Uma das poucas medidas tomadas foi a obrigatoriedade da realização do curso de equidade de gênero e assédio moral promovido pela UNIBB, que perpassa por questões da desigualdade de gênero dentro e fora do banco, mas não há políticas efetivas que gerem a diminuição de casos de assédio moral e sexual, considerando aqueles que são denunciados.
 
Nesse sentido, são escandalosas as declarações do Presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, que concorda com Bolsonaro nas críticas ao curso de equidade de gênero que trabalha com a educação para eliminar casos de assédio moral e sexual, único curso obrigatório existente no BB. Se o presidente do banco se pronuncia desta forma, o que podemos esperar para a realidade do banco no que se refere à carreira das mulheres, em particular, e à de todos os funcionários, particularmente negros, público LGBT, mulheres e pessoas com deficiência em relação a se sentir seguros em denunciar tais práticas e desenvolver suas carreiras? Os outros grandes bancos têm participação muito mais expressiva de mulheres nos cargos de direção.
 
A necessidade e benefícios de políticas de diversidade não têm consonância com a frase do atual presidente do Banco do Brasil quando diz que os conceitos de diversidade foram “capturados pela esquerda radical para fazer uma guerra cultural”. Os valores propagados por este debate acerca da diversidade tem relação com os valores que estão se consolidando pelo movimento das sociedades em geral e da sociedade brasileira em particular, de uma maior visibilidade e representação das demandas de grupos da sociedade que são maioria populacional e continuam oprimidos como mulheres e negros.
 
Infelizmente, não poderíamos esperar outra posição do atual presidente do banco. Um senhor que publica postagens machistas no seu Facebook, que defende em uma palestra que o problema da sociedade é que os pobres têm uma taxa de natalidade maior que os ricos, que o problema da educação são as crianças pobres que chegam na escola desestruturadas, e que solução é um duro controle de natalidade, não poderia pensar diferente em relação à questão da equidade de gênero e assédio moral. Além do mais, ele é homem de confiança do governo Bolsonaro e promete ser um concorrente com as pérolas faladas com o atual presidente.
 
Bento José é Delegado Sindical Gecex Operações

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