O saldo do mercado de trabalho neste último trimestre (novembro de 2018 a janeiro de 2019) é de 318 mil novos desempregados, segundo dados da PNAD-Contínua do IBGE. A taxa de desemprego chega, assim, aos 12%, ou seja, 0,3 pontos percentuais a mais do que no trimestre, que vai de agosto a outubro do ano passado.
Mas a promessa do governo Temer não era outra? Segundo ele e sua corja de banqueiros, empresários e economistas, era só aprovar a reforma trabalhista – retirar tudo que era de direito do trabalhador – que tudo iria melhorar. Se passaram 15 meses e o brasileiro não enxergou nem de longe uma melhora na sua vida.
O desemprego diminuiu em algum momento?
Entre fevereiro e abril de 2017 o desemprego havia chegado em seu auge, 13,6%. O número como “taxa de desemprego” começou a cair e chegou ao final do ano passado em 11,6%. Foi o bastante para tanto Temer quanto Bolsonaro propagarem que a crise econômica estava passando – e graças às suas políticas neoliberais de retirada de direitos e privatizações! No entanto este número esconde várias nuâncias, e são justamente elas que nos permitem saber por que afinal de contas o “desemprego” caiu mas a vida das famílias trabalhadoras ainda não melhoraram.
Todo mês o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o qual conhecemos simplesmente como IBGE, divulga o resultado de sua Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD-Contínua), pesquisa esta onde os responsáveis por coletar as informações batem em várias portas para perguntar aos moradores sobre temas diversos (população, educação, trabalho, renda, etc.). Esta é uma pesquisa importante e de grande confiabilidade, ou seja, não cabe aqui questionar a qualidade da pesquisa, reconhecida internacionalmente, e sim entender o que os dados podem nos dizer.
Um dos principais resultados da PNAD-Contínua é a taxa de desocupação (conhecida como taxa de desemprego). Para o IBGE o“desempregado” é aquele que não estava trabalhando, estava disponível e tomou alguma providência efetiva para conseguir trabalho nos últimos 30 dias. Assim sendo, muitas pessoas que podemos considerar desempregadas não entramno cálculo do IBGE. Temos obviamente mais gente sem conseguir trabalho do que os 12% de desempregados.
Mas e aí, como que dá pra saber o real tamanho do problema do emprego no Brasil? O próprio IBGE calcula um índice chamado de “taxa composta de subutilização da força de trabalho”, que soma, além dos desempregados: as (i) pessoas subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas (aquelas que trabalham menos do que gostariam, ou precisariam); e a (ii) população na força de trabalho potencial (“pessoas que na semana de referência não estavam ocupadas nemdesocupadas, mas possuíam um potencial de se transformarem em força de trabalho”). Dentro do último grupo temos também o que chamamos de “desalentados”, que são aqueles que estão desempregados mas já desistiram, por algum motivo, de procurar emprego. Esta taxa cresceu constantemente nos últimos anos, como podemos ver no gráfico.
Taxa de Composta de subutilização da força de trabalho – trimestres de novembro de 2018 a janeiro – 2012/2019 Brasil (%)
O que isto quer dizer? Apesar da taxa de desemprego calculada pelo IBGE estar menor do que no auge da crise, em 2017, na verdade mais pessoas estão em condições gerais de desemprego, encaixando-se em alguma das formas descritas anteriormente.
De 2017 a 2018 cresceu 7,3% o número de pessoas subocupadas. Neste mesmo período, a população de pessoas desalentadas (pior face do desemprego) subiu 6,7%, chegando a 4,7 milhões de indivíduos.
Além disto, o trabalho na iniciativa privada com carteira assinada ficou estagnado, enquanto que o trabalho sem carteira assinada e por conta própria, característicos da informalidade, cresceram 2,9% e 3,1%, respectivamente.
Podemos ver, a partir destes dados, que a situação da classe trabalhadora brasileira não melhorou, em vários aspectos piorou. Mas a farsa já está de volta, e assim como prometeram que a Reforma Trabalhista traria novos empregos, a equipe econômica de Bolsonaro já promete que só a Reforma da Previdência tratará a retomada econômica e (novamente!)o emprego. Dá pra acreditar?
*Eric Gil Dantas é da coluna de Economia do Esquerda Online e do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (IBEPS)
Foto: EBC
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