Estamos a poucos dias do 8 de Março, Dia Internacional de Luta das Mulheres. Além de sua importância histórica, como marco da luta contra a opressão e exploração, esta data no mundo todo tem se tornado um grande palco da luta de resistência aos planos de austeridade e ao avanço do conservadorismo. No Brasil não é diferente. Após o exuberante processo do #EleNão, o movimento de mulheres volta a se articular na construção de atos unificados para o 8M.
Em todas as capitais, além de dezenas de outras cidades do país, aconteceram plenárias praticamente semanais desde meados de janeiro para a preparação do que será a primeira mobilização contra o governo de Jair Bolsonaro. Nessas plenárias centenas de ativistas feministas debateram sua visão política do que ocorre hoje no Brasil, quais os desafios colocados e como construir a resistência. Não faltaram polêmicas e discussões acaloradas, mas o movimento de mulheres – mais uma vez – dá um grande exemplo construindo o 8M unificado no país inteiro! E não se trata de uma unidade despolitizada, em torno a pautas genéricas. É uma unidade pela necessidade de quem sabe que tem um inimigo comum a derrotar, e que elegeu o movimento feminista como alvo.
Mesmo com a enorme diversidade de nossas pautas, praticamente todos os atos terão como eixos:
– A luta contra o feminicídio, associando-o ao discurso de ódio da campanha de Bolsonaro e seu recente decreto, que flexibiliza a posse de armas de fogo, que deve aumentar ainda mais os assassinatos de mulheres sobretudo em ambientes domésticos;
– A luta por justiça para Marielle Franco, cujo assassinato completa um ano no próximo dia 14;
– A luta contra a reforma da Previdência, que ataca em especial as trabalhadoras, tendo reduzida a diferença de idade mínima entre homens e mulheres e, em alguns casos, igualado esta idade, entre outros ataques.
Nestas plenárias também se expandiu o debate sobre a Greve Internacional de Mulheres, que tem no Brasil um atraso em relação a diversos países da América Latina, Estados Unidos e Europa. É uma tarefa concretizar o vínculo internacional do movimento feminista no Brasil.
Algumas cidades construíram manifestos que sustentam uma visão sobre o que está em jogo no país com o novo governo. Sobre as várias facetas dos ataques econômicos , sociais, culturais e ideológicos a que estão submetidas as mulheres, mas também o conjunto da classe trabalhadora e dos oprimidos. E da mesma forma que demonstram a gravidade do momento que vivemos, apontam o caminho da batalha que teremos pela frente, da resistência. É o caso dos manifestos de São Paulo e Rio de Janeiro.
Não estamos ou estivemos preparando apenas um ato, um 8 de Março. Estamos preparando o início de um processo de resistência unificado, que deve seguir com o 14M, pelo um ano do assassinato de Marielle e Anderson, com as banquinhas feministas (que já estão sendo organizadas pelas “Mulheres sem Medo”) de “vira-voto” da reforma da Previdência, dando o caráter de um março de resistência. Além de toda a luta que continuará contra a reforma de Previdência, maior ataque à classe trabalhadora e que deve hierarquizar nossas palavras de ordem. É fundamental a continuidade desta unidade para o próximo período, se transformando em algo orgânico e que se articule com o conjunto dos movimentos sociais, incluindo o 22 de março, dia de luta marcado pelas centrais sindicais.
Após o carnaval, voltaremos às ruas. Faremos bonito neste 8M, escolhemos nos juntar e lutar. Não há outro caminho possível e este é o melhor começo. Se fere nossa existência , seremos resistência!
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