É preciso reforçar a solidariedade internacional ao povo venezuelano
Nesta segunda, dia 18, o presidente norte-americano Donald Trump fez novas ameaças à soberania venezuelana e ao presidente do país Nicolas Maduro. Além das fortes ameaças, Trump buscou convencer militares das Forças Armadas Bolivarianas a se alinharem com o golpista Juan Guaidó.
Em um auditório da Universidade Internacional da Florida, em Miami, Trump discursou para um público de dissidentes cubanos e venezuelanos que fizeram o norte-americano se sentir em casa. A cada ameaça e a cada já característico gesto grotesco de Trump era possível ver aplausos dos presentes e gritos de “Mande as tropas”.
O presidente norte-americano iniciou o discurso afirmando que “um novo dia” havia chegado na América Latina. Afirmou que os Estados Unidos usariam de seu pulso firme para combater os “inimigos da democracia” e aquilo que ele chamou de “troika tirânica”, em referência a Nicarágua, Venezuela e Cuba.
Diante dos tradicionais gritos de “U-S-A”, Trump, no melhor estilo guerra fria, atacou o socialismo e a ameaça “vermelha”: “Conhecemos a verdade do socialismo em Cuba, Venezuela e Nicarágua e no mundo todo. O socialismo promete prosperidade, mas traz pobreza. O socialismo promete unidade, mas traz ódio e divisão. O socialismo promete um futuro melhor, mas conduz à parte mais sombria da história”. Numa referência à Venezuela afirmou “o socialismo que governa o país a décadas está morrendo e chegando ao fim”.
O presidente norte-americano também acusou Nicolas Maduro de ser um “fantoche cubano”. Dirigindo-se aos militares venezuelanos bradou: “estão arriscando tudo, suas vidas, seu futuro e o futuro da Venezuela por um homem controlado pelas Forças Armadas Cubanas e protegido pelo Exército Cubano”.
Talvez os discursos de Trump e dos demais membros do governo norte-americano combatendo o socialismo sejam também uma reação ao crescimento das ideias de esquerda e dos movimentos de esquerda-radical em seu próprio país. Ainda que com um conteúdo pouco preciso, a palavra socialismo está novamente na ordem do dia nos EUA. Não por acaso a última capa da principal revista de economia do mundo, a britânica The Economist, ressalta o interesse da juventude com menos de 30 anos nas ideias socialistas, igualitaristas e anti-sistêmicas. Suas palavras podem ser entendidas também como um ataque direto a Bernie Sanders, que oficializou sua pré-candidatura à Casa Branca em 2020.
De toda forma, o fato é que ao finalizar seu discurso em Miami Trump deixou claro que “todas possibilidades estão em aberto” para a resolução da crise venezuelana. Em tom de ameaça, afirmou que os aliados de Maduro “não terão escapatória e irão perder tudo”.
Donald Trump: tire as mãos da Venezuela
Diante dessas novas ameaças de Donald Trump, sem dúvida é preciso fortalecer toda solidariedade internacional ao povo venezuelano. As ameaças de intervenção do imperialismo norte-americano e europeu, por meio da União Europeia, são inaceitáveis.
O governo Trump tem interesses próprios na Venezuela, buscando acesso ao petróleo e gás natural da região, assim como desmantelar a ALBA e fortalecer as negociações de petróleo em dólar.
Juan Guaidó e a oposição golpistas são capachos do imperialismo e querem que a Venezuela novamente se submeta completamente às vontades do Império. Nenhuma confiança nessa oposição é possível. É preciso denunciá-la e combater o golpe de Estado.
O povo venezuelano sabe muito bem como era o país na década de 90 sob os governos neoliberais. Por suposto, bem diferente da situação pintada pelas fake news de Trump, afirmando que antes do chavismo a Venezuela era “de longe o país mais rico e desenvolvido da América Latina”. Por isso, os setores mais conscientes e combativos da sociedade, apesar de inúmeras críticas ao próprio governo de Nicolás Maduro, vão às ruas para defender o processo revolucionário aberto no país desde o levante popular ocorrido em 1989 sob o governo de Carlos Andrés Perez, conhecido como “Caracazo”. Defender esse processo que ganhou um novo salto com a derrota da tentativa golpista contra Chávez em 2002 e o lockout petroleiro em 2003 é uma tarefa de toda esquerda socialista, em particular, de nosso continente.
Um grande exemplo de solidariedade e força internacional foi a conformação da Brigada Internacionalista Che Guevara, que chegou dia 19 de fevereiro em Caracas, com mais de 200 jovens vindos de diversos países e regiões do mundo. Os jovens oriundos da América do Sul, Caribe, África, Oriente Médio, Europa Ocidental, ficarão no país até dia 27 de fevereiro, compartilhando experiências com movimentos sociais e participando da Assembleia Internacional dos Povos em Solidariedade à Revolução Bolivariana.
A tarefa dos internacionalistas e das forças de esquerda em todo o mundo deve ser rechaçar e se colocar na primeira fileira de combate ao golpe de estado de Guaidó e contra as ameaças e interferência de Trump.
Foto: Reprodução Globo
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