Cine Timbalada difundindo o acesso ao cinema

Eline Matos

No útima sábado (09) ocorreu o Cine Timbalada, um projeto que busca trazer sessões de filmes para a Timbalada – comunidade que fica situada na periferia de Salvador. A associação de moradores AMAB, com apoio da comunidade, organizou a estrutura para apresentação do filme Pantera Negra. Além da sessão de cinema, nesta semana o projeto contou com uma vivência astronômica promovida pelo coletivo ObSerra. A ideia das atividades surgiu com o objetivo de promover a cultura e entretenimento para crianças, adolescentes e adultos da comunidade, que não possui nenhum investimento governamental para ações recreativas.

O filme Pantera negra foi indicado ao Oscar e é consagrado pelo público por discutir a temática racial com enredo de super herói. A escolha deste filme, além da perspectiva do entretenimento, foi também pela perspectiva política, pois a Timbalada, situada no bairro Cabula, é historicamente um símbolo de resistência negra e quilombola. A Timbalada é uma comunidade que foi ocupada no final da década de 80, onde antes era uma área privada de uma pedreira irregular e hoje é um bairro periférico, majoritariamente de pessoas negras da classe trabalhadora.

O Cine Timbalada reuniu na sede da associação cerca de 90 crianças e adolescentes, que assistiram ao filme com direito a tudo que um cinema pode proporcionar: pipoca, refrigerante, cachorro quente e muita adrenalina. Após o filme, o público pôde contar com uma oficina astronômica, da qual os professores explicaram de forma lúdica como diferenciar um planeta de uma estrela; a identificar algumas constelações no céu; a observar as crateras da lua pelo telescópio; e fazer experimentos com a bobina de tesla.

A resposta da comunidade a atividade foi surpreendente: as crianças ansiosas para saber quando e  qual será o próximo filme a ser apresentado; os adultos encantados com o projeto por proporcionar entretenimento à comunidade que possui dificuldade de acesso a atividades culturais; a organização do Cine Timbalada que encerra a primeira atividade com a sensação de dever cumprido e com o objetivo de ampliar o espaço para contemplar mais moradores devido a demanda.

Os olhinhos dos jovens expectadores vidrados nas cenas eletrizantes do filme e suas expressões ao ver pela primeira vez a lua mais de perto, demostram a importância de projetos que promovam a cultura e o entretenimento nas comunidades periféricas. Além disso, realizar atividades que unam uma comunidade, que aproximem as pessoas que moram em um mesmo bairro é pensar em trabalhar relações de ajuda, afeto, aprendizados mútuos e resistência para tempos tão difíceis.