“Brasil acima de tudo”. O lema da campanha eleitoral de Jair Bolsonaro não resistiu às primeiras semanas de governo.
Bastaram 10 dias para presidente e os militares recuassem das “ressalvas” à proposta de venda da Embraer para autorizar a entrega da empresa à norte-americana Boeing, sem cobrar qualquer garantia de manutenção dos empregos e da tecnologia em solo nacional.
A operação de venda, que chegou a ser barrada pela Justiça duas vezes no último mês por envolver segredos militares e ferir leis nacionais, agora é novamente colocada sob suspeita. A denúncia de envolvimento do homem forte do governo, Paulo Guedes, com o vice-presidente do Conselho Administrativo da Embraer, Sérgio Eraldo Salles, aponta para possível troca de informações privilegiadas.
O imbróglio jurídico em torno da transação, inclusive com interferência inconstitucional da Advocacia Geral da União (AGU) e do Tribunal Regional Federal (TRF) 3ª Região, revela que a suposta parceria das empresas para criação de uma joint-venture é uma farsa.
Em bom português, com aval dos militares, Bolsonaro assinou embaixo da entrega da joia da coroa da Embraer – a aviação comercial – para os norte-americanos, jogando ao limbo a aviação militar.
Além de abrir mão do controle brasileiro sobre a companhia, Bolsonaro presenteou os estadunidenses com tecnologia aérea construída com dinheiro público e, pior, colocou em xeque o emprego de milhares de pais e mães de famílias brasileiras. A entrega da Embraer é só o começo. Precisamos defender o patrimônio nacional das garras de Bolsonaro.
*Marina de Arantes é militante do PSOL e diretora do Sindicato dos Metalúrgicos de SJC.
Foto: Divulgação
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