Na política é necessário ter coerência

Por: Luiz Henrique Arias, de Belém, PA

Quando adentramos na esfera pública, defendendo nossas ideias e visões de mundo, é preciso ter coerência. Não é possível se submeter ao escrutínio público com um discurso, e pouco tempo depois abandoná-lo, fazendo o oposto do que se disse.

Na política é também necessário ter respeito. Mesmo que uma pessoa de estima tenha falhado com você, isto não o autoriza a agredi-la, ofendê-la, dentre outras coisas mais. Todos têm o direito de seguir o seu próprio caminho e caso erre, pode vir a se arrepender mais tarde.

Dito isto, não há outra palavra para caracterizar o fato de Úrsula Vidal ter aceitado ser secretária do governo Hélder, do que uma enorme incoerência política.

Incoerência esta, pois Hélder/MDB representa o que existe de mais atrasado e reacionário nesse Estado: as oligarquias, o latifúndio, a velha política, os ataques aos direitos sociais, o golpe que derrubou a Dilma, e todos os retrocessos impostos por Temer, enquanto o Barbalho era Ministro do golpista.

Úrsula se move por uma ideologia de que é possível ter conciliação. Como a esquerda não conseguiu acumular forças suficientes para disputar o governo, temos que fazer “pactos progressistas” ocupando os espaços que nos são ofertados.

Em troca de tudo isto, abandona-se os nossos ideais e a possibilidade da construção de uma oposição qualificada para os embates futuros. É a rendição à polarização PSDBxMDB. Rendição de nossas lutas e entrega das nossas bandeiras.

Não tenho dúvidas de que Úrsula fará um trabalho melhor que seu antecessor na SECULT. Porque também é muito difícil ser pior. Os últimos 8 anos foram de completo abandono da Cultura Popular, em privilégio de uma política cultural elitista.

Todavia, isso não encerra a nossa estratégia. Cada capitulação, cada rendição é um passo atrás na construção de um projeto de governo para os trabalhadores e para a juventude.

Não há possibilidade de “disputar” o governo de Hélder. O seu caráter burguês e anti-popular está dado. Prova disso é a aliança com a extrema-direita (PSL e Éder Mauro), e a assinatura da carta que pede o fim da estabilidade dos servidores públicos para Bolsonaro.

Dessa maneira, aceitar a Secult é um grave erro político, que enfraquece a resistência e fortalece o lado dos ricos e poderosos. Lamento muito a decisão dela. Perde ela e o PSOL.

Por fim, é preciso deixar registrado que muitos “torceram” para que o PSOL fosse compor governo com MDB. Tal torcida se deve ao fato de querer igualar o nosso partido com outros da esquerda que fizeram o mesmo tipo de aliança e capitulação. Entretanto, o PSOL/PA aprendeu com os erros de seus vizinhos, e em hipótese nenhuma irá participar desse governo. Somos oposição a Hélder e não fazemos acordos com o MDB.

2019 será ano de luta e resistência!