Uma marcha de protesto será realizada na tarde desta sexta-feira, 30, no primeiro dia da Cúpula do G20 em Buenos Aires. O ato está marcado para 15h (16h no Brasil), na esquina da Av. Nove de Julio com Av. San Juan, de onde os manifestantes sairão em direção ao Congresso da Nação.
A manifestação unitária é convocada pela Confluência Fora G20/FMI, frente que reúne mais de 70 organizações políticas e populares da Argentina e também da América Latina, como o Jubileu Sul, Central dos Trabalhadores Argentinos (CTA) autônoma, a Associação dos Trabalhadores do Estado, a Associação Mães da Praça de Maio – Linha Fundadora, entre outras. A manifestação está sendo convocada por grande parte da esquerda argentina, como PTS, MST, Nuevo MAS, PO, etc. Correntes ligadas a Cristina Kirchner devem deixar de participar ou ter uma participação tímida, depois que a ex-presidente e outros líderes próximos deram declarações moderadas e evitaram críticas diretas ao encontro.
O protesto contará também com representações de países latino-americanos, inclusive do Brasil, que enviou delegações do PSOL, PSTU, sindicatos e a central sindical CSP-Conlutas. A corrente Resistência, do PSOL, participará também de um evento na concentração do ato, as 14h (15h no Brasil), na arrancada da coluna do Nuevo MAS.
Além do combate ao G20, o protesto de hoje terá como eixos a denúncia do acordo do presidente Macri com o Fundo Monetário Internacional, “Fora Trump e demais líderes imperialistas”, “Não pagamento da dívida externa” e “Não ao ajuste, a entrega e a repressão”. O cartaz de convocação traz ainda a consigna “Fora Bolsonaro”, contra o crescimento da extrema direita na região.
A reunião dos líderes ocorre em meio a uma crise recessiva na Argentina e a mais alta inflação nos últimos 27 anos. O próprio jornal El Clarin reconhece que a expectativa para o próximo ano é de mais uma queda na economia. O caminho adotado por Macri tem sido o do acordo com o FMI, que, em contrapartida pelo aporte financeiro, exige um duro ajuste nos gastos públicos e nos direitos dos trabalhadores. “Maior empobrecimento, mais fome, mais desemprego, menos perspectivas de vida para toda a população… Estas são as políticas que o G20 vem a Argentina reforçar”, afirmou Beverly Keene, da rede Diálogo 2000 Argentina e Jubileu Sur, e um dos organizadores do protesto.
Outros temas também podem contribuir para o ato de hoje. Um deles é a decisão anunciada nesta quinta-feira, 29, da Justiça argentina, sobre o caso de Santiago Maldonado. Depois de mais de 480 dias, a decisão comunicada a família foi de as forças de segurança não têm responsabilidade no desaparecimento e morte do ativista. O caso gerou grande comoção no país.
Outro tema marcante nos últimos dias no país foi a forma como as autoridades lidaram com a final entre o Boca Juniors e o River Plate, que, após grande repressão, acabou sendo adiada e transferida para a Espanha.
UMA CIDADE SITIADA
A capital argentina está cercada, por conta do G20. O governo decretou feriado, fechou um aeroporto, interrompeu o transporte de metrô e esvaziou a cidade. Criou ainda duas zonas de exclusão, a primeira em torno a Via Costanera, próximo da Cúpula, e a segunda ao redor do Teatro Colón, a algumas quadras de onde a manifestação irá passar.
A ministra da Segurança, Patricia Bullrich, chegou a dizer publicamente que a população deveria deixar a cidade e autorizou que a Polícia Federal, a Gendarmeria e outros órgãos de segurança disparem armas de fogo em caso de “perigo iminente de morte ou de lesão grave”. O forte aparato de segurança foi reforçado com doações de equipamentos e blindados de outros países.
Entidades que organizam a marcha denunciam que, durante a semana, ocorreram intimidações, detenções arbitrárias e até mesmo mortes. Elas mantiveram o protesto e exigem do governo que seja garantido o direito de se mobilizarem.
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