O 25 de novembro é Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher. A data é uma iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU) e abre o calendário “16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres”, uma campanha anual global que acontece de 25 de novembro a 10 de dezembro.
No Brasil os dias de ativismo iniciam-se no dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra. A motivação disso é a combinação explosiva do racismo com o machismo. Além da violência doméstica e familiar, o racismo é um fator preponderante que coloca a vida das mulheres em risco no nosso país.
Os números da violência brasileira
Segundo o Instituto Patrícia Galvão em 2016 o Brasil registrou 4.645 mulheres assassinadas, ou seja, 13 mortes violentas de mulheres por dia representando uma taxa de 4,5 homicídios para cada 100 mil brasileiras, um aumento de 6,4% no período de dez anos (Atlas da Violência 2018). O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) divulgou que em 2017 foram registrados 4.829 sentenças por feminicídio Os tribunais de justiça de todo o país movimentaram 13.825 casos de feminicídio em 2017: 3.039 processos foram baixados, restando pendentes ao final do ano 10.786 processos (O Poder Judiciário na Aplicação da Lei Maria da Penha – CNJ, 2018).
Em 10 anos, a taxa de mortes de mulheres negras subiu, enquanto a de não negras caiu.
Os altos índices de violência revelam, sobretudo, o peso do racismo estrutural na nossa sociedade: a taxa de homicídios é maior entre as mulheres negras correspondendo a 5,3 por 100 mil brasileiras e de 3,1 por 100 mil brasileiras entre as mulheres não negras (Atlas da Violência 2018 ). Uma diferença de 71% .
O medo e terror da violência cotidiana caminham junto com as mulheres negras no nosso país. A militarização da vida nas favelas e periferias não permite o mínimo de tranquilidade, de paz. Todos os dias milhões de mulheres negras acordam e batalham para conseguir chegar ao fim do dia vivas, com dignidade.
Violência x Resistência
Vivemos uma pandemia da violência contra as mulheres. Estima-se que uma em cada três mulheres em algum momento da vida será vítima de violência. Este fenômeno não é recente, assim como as formas de resistência em resposta à intensificação da violação aos direitos das mulheres.
Em tempos de tamanho retrocesso em nosso país é necessário defendermos conquistas, ainda que limitadas, como a Lei Maria da Penha e a tipificação do feminicídio.
Acompanhamos várias movimentações globais de resistência e denúncia contra a violência às mulheres como observado nas redes sociais, reunidas pelas hashtags #MeToo”, “#NiUnaMenos” e também o nosso “#EleNão”.
Ao mesmo tempo em que a luta e resistência cresce por parte das mulheres, também cresce a reação do outro lado.
O avanço da extrema direita em diversos países, a vitória de Trump nos EUA e a de Bolsonaro no Brasil têm relação direta com a tentativa de frear as mulheres em movimento. Eles combinaram de nos calar e matar; combinaram de nos mandar de volta para cozinha, para senzalas modernas e armários. Nós precisamos combinar a nossa resistência gigante, unitária e viva!
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