Defender a aposentadoria contra a Reforma de Bolsonaro


Publicado em: 22 de novembro de 2018

Movimento

Editorial 22 de novembro

Esquerda Online

Esse post foi criado pelo Esquerda Online.

Movimento

Editorial 22 de novembro

Esquerda Online

Esse post foi criado pelo Esquerda Online.

Compartilhe:

Ouça agora a Notícia:

Dia 22 de novembro é dia nacional de mobilização em defesa da Previdência, convocado pelas principais centrais sindicais do país. A data faz parte de uma campanha permanente em defesa da aposentadoria, diante da ameaça que representa a reforma da Previdência que Jair Bolsonaro já disse que será prioridade de seu governo.

A reforma da Previdência já é prioridade desde o governo golpista de Michel Temer. Ele não conseguiu aprovar a reforma, pois enfrentou mobilizações dos trabalhadores, como a greve geral de 28 de abril de 2017 e também graves crises políticas, como a decorrente das denúncias de Joesley Batista, da JBS.

A reforma da Previdência é a mais desejada pelo grande capital e a mais temida pelos trabalhadores. Devido à sua impopularidade, não foi tema de destaque na campanha eleitoral do presidente eleito, Jair Bolsonaro. No entanto, tão logo foi anunciada sua eleição, Bolsonaro e Paulo Guedes já trataram de se comprometer com os ataques à aposentadoria, chegando a afirmar que, embora a reforma proposta por Temer não fosse suficiente, gostariam de aprová-la ainda neste ano e, no próximo, avançar em direção a uma reforma mais profunda.

A reforma mais profunda de Bolsonaro é, na verdade, o fim da Previdência publica, com a implementação do sistema de capitalização, que funciona exatamente como um plano de previdência privada, em que o trabalhador faz a própria poupança e terá direito a receber, na aposentadoria, aquilo que recolheu durante sua vida laboral. Hoje, a Previdência no Brasil funciona sob um sistema de repartição, de solidariedade entre gerações, em que os trabalhadores ativos pagam a aposentadoria dos inativos.

O modelo de capitalização é aplicado no Chile há 35 anos, tendo sido implementado durante a ditadura de Pinochet. A contribuição do trabalhador, que deve ser de, no mínimo, 10% do seu salário, fica depositada em uma conta individual e é administrada por empresas privadas, que podem investir no mercado financeiro. Lá, o trabalhador precisa contribuir por, no mínimo, 20 anos para poder se aposentar, respeitando as idades mínimas de 65 anos para homens e 60 para mulheres. Somente o trabalhador contribui, não havendo contribuição dos empregadores ou do Estado.

Os resultados são assustadores: hoje, 90,9% dos aposentados recebem menos de 149.435 pesos (equivalente a R$ 694,08), enquanto o salário mínimo no pais é de 264.000 pesos (cerca de R$ 1.226,20). A principal explicação é que os trabalhadores, principalmente devido a informalidade, não conseguem contribuir o suficiente para recolher o beneficio depois.

Agora, imaginemos esse modelo no Brasil de Temer e Bolsonaro, em que já está em vigor uma reforma trabalhista que retira diversos direitos, uma lei que libera geral as terceirizações e precariza os empregos e o presidente eleito já avisou que, se depender dele, os trabalhadores terão que escolher entre emprego ou direitos.

A eleição de Bolsonaro coloca como tarefa imediata para as organizações dos trabalhadores a organização de frentes comuns para lutar. Entre as lutas necessárias, a defesa da aposentadoria tem importância fundamental. A luta contra a reforma da Previdência foi responsável pelas principais mobilizações dos trabalhadores durante o governo Temer. Agora, é preciso voltar com força a este debate, em cada local de trabalho, estudo e moradia, pois a reforma proposta é muito mais profunda e está em jogo o direito à aposentadoria das futuras gerações.

Reunir as centrais sindicais e deliberar por uma campanha permanente foi uma importante iniciativa. O dia 22 deve ser um primeiro passo. Após este pontapé inicial, devemos avançar no calendário unificado de mobilizações e jogar nossos esforços para realmente envolver a classe trabalhadora nesta luta, reunindo a força necessária para barrar esta reforma e defender nossas aposentadorias.

Foto: EBC

 

LEIA MAIS

Centrais farão campanha em defesa da Previdência e atos nos dias 22 e 26

 


Contribua com a Esquerda Online

Faça a sua contribuição