Nessa terça-feira, dia 06 de novembro, foi deixada no Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH) da UFPE, uma carta anônima, com uma relação daquelas e daqueles que deveriam ser banidas e banidos da universidade com a chegada do “mito”. Longe de ser apenas um fato isolado, a carta é mais um episódio dentro do turbilhão de agressões, ameaças, declarações e anúncios polêmicos que dominaram a cena política nacional nos últimos dias, partindo do próprio presidente eleito ou de seus seguidores, e que buscam intimidar e paralisar qualquer oposição.
A lista traz estudantes, professores e professoras que se destacam por sua dedicação em pesquisar e combater as desigualdades, opressões e injustiças de nossa sociedade. A carta, de teor LGBTfóbico, misógino e anticomunista, encontra eco em outras iniciativas, recentes ou não, que buscam desmoralizar, desvalorizar, controlar e até criminalizar a atividade intelectual e o trabalho que é realizado em nossas escolas e universidades públicas. Se soma, portanto, a projetos como o “Escola sem Partido”, Reforma do Ensino Médio, Base Nacional Comum Curricular, militarização das escolas públicas, ampliação irrestrita do ensino à distância, etc.
O objetivo, mal dissimulado, é abrir caminho para mais privatizações e rebaixamentos no setor. Além de fonte generosa de lucros, a educação também é compreendida no projeto da extrema-direita como importante instrumento da manutenção da ordem. O que se pretende, precarizando-a, aligerando-a, e esvaziando-a de qualquer conteúdo crítico, é submetê-la completamente aos interesses do capital e a um projeto autoritário de dominação. A ideia é desarmar a classe trabalhadora dos instrumentos intelectuais de compreensão da realidade, e formar o trabalhador obediente e ordeiro que o mercado tanto deseja.
Não nos intimidaremos com as ameaças, nem aceitaremos a volta de tribunais inquisitórios. Um dia após a divulgação da carta, centenas de estudantes, técnico-administrativos e docentes se reuniram em frente ao CFCH, na UFPE. Mais do que solidariedade aos citados, o ato expressou a disposição da comunidade acadêmica em transformar a universidade em uma importante trincheira contra o obscurantismo e o irracionalismo do projeto neofascista. Em favor da democracia e da liberdade de pensamento, todos e todas, de mãos dadas, debaixo de chuva em um abraço simbólico ao prédio, comprometeram-se a resistir. Resistiremos!
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