Ainda há tempo

Por: Fábio José de Queiroz, de Fortaleza, CE

Cid Gomes cobrou do PT uma mea culpa de “muita besteira” feita pelo partido e disse que os apoiadores de Haddad “vão perder… e perder feio”. No dia seguinte, Bolsonaro explorou o episódio, nacionalmente. Quem ganha e quem perde com episódios como esse? Somente o PT e o Haddad?

Quase que simultaneamente, começou a ganhar vulto os murmúrios em torno de uma proposta de que Haddad renunciasse em nome do candidato terceiro colocado no primeiro turno: Ciro Gomes. Faltando pouco mais de uma semana para a realização do segundo turno, quem ganha e quem perde com isso?

Quem perde e perde feio é a possibilidade de derrotar Bolsonaro e o neofascismo enquanto ainda é tempo. A iminência de um governo de extrema-direita no Brasil não permite espaço para ideias e apelos geniais. Hoje, você tem a sua liberdade de fazer proposições e apelos geniais, e amanhã? Não é nada de genial o que está em jogo. O que está em jogo é a liberdade. A liberdade política. A liberdade de organização. A liberdade de reunião. A liberdade de expressão. A liberdade individual.

Já temos uma pequena amostra de bandos desenfreados atuando nas ruas de modo rude e furioso. Vamos esperar que eles se tornem o parto de futuras tropas de assalto à moda da SA? Eles ainda não mandam, e quando, de fato, começarem a mandar?

Ainda há tempo. Tempo de mobilizar as forças, disputar as consciências e conseguir o voto no 13. As dificuldades existem, são enormes, mas, mais de uma vez já se disse, elas não são o mesmo que impossibilidade. Se Bolsonaro vencer, tomará posse em primeiro de janeiro, em pleno verão, quando, não raro, costuma chover bastante no Brasil. Aí talvez ele queira vestir uma capa de chuva escura à moda do seu inspirador. Ainda há tempo. Ainda é primavera nas ruas do Brasil, mas ela está por um fio.

Felizmente, se cada um tiver um pouco de juízo, ainda há tempo. Depois, será tarde demais para qualquer mea culpa. E todos nós seremos tratados como babacas.

Foto: O Brasil feliz de novo | Haddad no Ceará