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O PT quer transformar o Brasil numa Venezuela?

Travesti Socialista

Travesti socialista que adora debates polêmicos, programação e encher o saco de quem discorda (sem gulags nem paredões pelo amor de Inanna). Faz debates sobre feminismo, diversidade de gênero, cultura e outros assuntos. Confira o canal no Youtube.

Muitas notícias têm sido disseminadas, principalmente por Whatsapp. Como se sabe, muitas delas são notícias falsas, fake news. Vamos discutir aquelas que associam a política do PT ao governo venezuelano. Sem preconceito, vamos encarar esse assunto usando fatos e notícias reais.

Quem defende a ditadura?

Hoje, a Venezuela tem um governo populista, autoritário e que aprova várias medidas antidemocráticas. Apenas para dar um exemplo, o país possui 59 partidos, mas obrigou todos os partidos com menos de 1% dos votos e os que não participaram das duas eleições anteriores a se recadastrarem. Como resultado, 37 dos 59 partidos foram jogados na ilegalidade.

O Brasil aprovou recentemente uma medida que também coloca, na prática, partidos pequenos quase fora da disputa. A EC 97/2017 proíbe acesso ao fundo partidário e ao tempo de TV dos partidos que não atingiram 1,5% dos votos para a Câmara dos Deputados em 2018. Este ano, 14 partidos não atingiram a cláusula de barreira. Nos anos seguintes, esse número deverá ser maior, já que o percentual aumentará 0,5% a cada quatro anos até 2030, quando chegará a 3% dos votos.

Esta é apenas uma das várias medidas antidemocráticas das reformas eleitorais de 2015 e 2017. São medidas que fortalecem ainda mais os grandes partidos e aumentam a desigualdade de condições para os partidos médios e pequenos. Elas foram aprovadas por quase todo o Congresso, com votos do PSDB, PMDB, PT e vários outros partidos, inclusive o PSL, atual partido do Bolsonaro, que votou a favor da Reforma Eleitoral de 2015 proposta por Eduardo Cunha. O PSOL foi o único partido a coerentemente votar contra todas essas medidas antidemocráticas.

Estão associando o PT ao regime venezuelano por causa da proposta de constituinte de Haddad. Infelizmente, o petista retirou a proposta, que é um processo muito democrático, onde o povo discute e elege representantes para elaborar uma nova constituição para o país. Um processo onde todo o povo é chamado a colaborar, o que nunca aconteceu no Brasil, mas é a forma que os países mais democráticos do mundo elaboraram suas constituições. É um equívoco acreditar que uma constituinte no Brasil seria como na Venezuela, onde foram só eleitas pessoas que apoiam o regime chavista. Ora, no Brasil, o PT não tem qualquer controle sobre as eleições, que são reguladas pelo TSE. O TSE já deu várias provas de que não é petista.

A verdade é que PT, durante seus 14 anos de governo, cometeu muitos erros, fez muitas medidas ruins e até antidemocráticas, mas atuou sempre dentro das regras democráticas. Mesmo com seu principal líder tendo sido preso sem provas e impedido de participar das eleições em um processo jurídico nitidamente político, o PT continuou atuando dentro das regras: Lula se entregou e não chamou nenhuma revolta para forçar sua saída da prisão.

Haddad, durante a campanha, não fez nenhuma ameaça de burlar as regras do jogo, ao contrário de seu adversário neste segundo turno. Bolsonaro já declarou que é incapaz de aceitar uma derrota no jogo eleitoral. O candidato também disse que vai “botar um ponto final em todo ativismo no Brasil” (sic). Ele está nitidamente declarando que não vai aceitar nenhum tipo de mobilização contra seu governo. Será proibido fazer reuniões, entregar panfletos para dialogar com a população, fazer manifestações, greves, piquetes, etc.

A aversão do candidato da extrema-direita ao debate vem de muito tempo. Por exemplo, apenas dois anos atrás, Bolsonaro mandou, aos berros, um menino calar a boca porque se sentiu incomodado com a pergunta que ele fez. Se ele é incapaz de aceitar críticas agora, mesmo de uma criança, como vai reagir às críticas se for eleito e tiver, à sua disposição, todo o Estado brasileiro para ameaçar, intimidar, processar e reprimir qualquer grupo que se mobilize contra ele?

O desastre econômico venezuelano

O motivo mais óbvio para que muitos temam que o Brasil se torne uma Venezuela é o recente desastre econômico neste país, que está fazendo boa parte da população passar fome e querer fugir do país.

Mas o que levou a essa crise? Infelizmente, há várias décadas, o governo venezuelano adotou a política de criar uma matriz econômica nacional que depende quase exclusivamente do petróleo. Recentemente, uma queda brusca no petróleo levou à crise que vemos hoje.

É preciso levar em conta também o bloqueio econômico criminoso que os Estados Unidos impuseram àquele país. Um país em crise deve ser ajudado com solidariedade, não com boicote, locaute e outras políticas que agravam a situação econômica do país. Não é à toa que a população continua confiando no governo e se opondo aos EUA.

Para impedir que ocorram crises como essa no Brasil, é preciso investir numa matriz econômica diversificada e nacional, que não dependa de investimentos estrangeiros. É preciso industrializar o país e reativar as refinarias de petróleo da Petrobrás.

Para que isso aconteça, o mercado nacional precisa ser protegido do mercado estrangeiro. As importações devem ser taxadas, para que a indústria nacional tenha espaço para crescer. Caso contrário, as mercadorias baratas do estrangeiro vão acabar com todo o espaço para a concorrência da indústria nacional.

Ora, Fernando Haddad propõe continuar com a política de cobrar impostos sobre as importações, o que é fundamental para garantir a proteção do mercado nacional. Jair Bolsonaro e seu economista Paulo Guedes, pelo contrário, querem escancarar as portas do mercado, o que vai levar a uma desindustrialização do país.

Cuidado com o Whatsapp

Infelizmente, as pessoas estão recebendo todo tipo de fake news pelo Whatsapp de forma acrítica. Notícias absurdas são disseminadas como verdade, tudo com um único objetivo: difamar o PT. Tudo que é contra o PT se torna verdade. Tudo que é contra o Bolsonaro se torna mentira. Ora, podemos fazer oposição às medidas do PT sem cair nessas armadilhas.

Eu não sou petista. Não concordo com a política do PT, mas votaria em qualquer outro candidato que estivesse contra o Bolsonaro neste turno. É preciso barrar esse projeto autoritário e neoliberal radical de país. Voto 13 para ter direito de me opor ao governo nos próximos quatro anos, para continuar tendo o direito de me manifestar nas ruas contra ele, direito que sempre foi preservado nos 14 anos de governo do PT. Voto 13 para ter direito de votar em outros partidos nas próximas eleições.