A importância da resistência no segundo turno

Por: Marco Antonio Monteiro, de Niterói, RJ
Nego Junior Cobertura Colaborativa Esquerda Online

No dia 8 de outubro de 1967, era assassinado o grande revolucionário Che Guevara, que junto com Fidel Castro e centenas de trabalhadores revolucionários, livraram Cuba do ditador Fulgêncio Batista, apoiado pelos EUA, que fazia de Cuba um verdadeiro cassino flutuante para satisfação de turistas americanos e uma pequena parcela de 5% da população que vivia na ostentação, enquanto o restante do povo cubano era explorado em condições escravas nas plantações de fumo e cana de açúcar ou na prestação de serviços para os mais ricos.

No dia 8 de outubro de 2018, 51 anos depois, e também fazendo história, o PSOL – Partido Socialismo e Liberdade, através de sua Executiva Nacional, declara oficialmente que todos os filiados e militantes do partido continuarão nas ruas, juntos, sem medo de mudar o Brasil e apoiando o PT – Partido dos trabalhadores, que apesar de inúmeras discordâncias programáticas e ideológicas, estarão unidos para derrotar o neofascismo encarnado na candidatura do desprezível candidato Jair Bolsonaro do PSL.

A luta de classes não é um fenômeno abstrato. Ela se materializa através de nossos posicionamentos diante de questões essenciais para a sobrevivência dos trabalhadores e trabalhadoras. Como afirmava Karl Marx, são as condições materiais de existência que definem nossa sobrevivência e o nosso posicionamento dentro da luta de classes na sociedade capitalista. Antes de pensar em fazer política ou filosofia, os homens precisam garantir suas condições materiais de existência para garantir sua sobrevivência. Precisa trabalhar para garantir comida, roupa e teto para morar. Somente depois terá condição de pensar e fazer política.

Não é difícil entender como as crises econômicas produzem o cenário ideal para o surgimento de figuras nefastas, que se colocam como salvador da pátria, como Bolsonaro no Brasil, Trump nos EUA e outros em diversos países. Foi assim com a crise de 1929 que se arrastou ao longo da década de 30 e que acabou sendo superada com a contribuição determinante da 2ª Guerra Mundial, através do crescimento da demanda por diversos produtos e consequente geração de milhões de empregos. Paralelamente à superação da crise econômica vimos também a ascensão de figuras igualmente nefastas como Hitler na Alemanha e Mussolini na Itália.

O que estamos passando hoje, é decorrente principalmente da grande crise econômica desencadeada nos EUA em 2008 que se alastrou para dezenas de países ao redor do mundo e que acabou desembarcando no Brasil com mais força a partir de 2012.

O grande filósofo marxista István Mészáros, que morreu em 1º de outubro do ano passado, afirmava que o capitalismo atravessa, desde o início do século XXI, uma grave crise estrutural; afirmava que estamos passando por uma crise estrutural do capital e que por conta disso atravessamos também uma profunda crise social e ideológica e que em consequência, vivemos uma crise de civilização. Somente assim podemos entender e explicar como chegamos a esta situação catastrófica nesta eleição.

Não vamos superar isso tudo apenas com a derrota de Bolsonaro, mas é imprescindível barrar figuras políticas que defendem e praticam ideias fascistas e que possam aprofundar ainda mais a crise econômica e social que se abate principalmente sobre os trabalhadores, os mais pobres, os jovens, os negros, as mulheres e todas as minorias como a comunidade LGBT, indígenas e quilombolas.

Para superar crises capitalistas estruturais precisamos de mudanças estruturais. Somente governos comprometidos com o social, com a reforma agrária, com projetos de construção de moradia popular com financiamento acessível às famílias de trabalhadores, com a agricultura familiar, com o apoio aos projetos de criação de cooperativas, único modo de produção com capacidade de distribuir de forma justa os ganhos produzidos pelos trabalhadores.

Precisamos eleger o candidato que tenha compromisso com a criação e financiamento de centenas de cooperativas de trabalhadores e o apoio às micros e pequenas empresas, responsáveis pela criação de 78% dos empregos de nossa economia.

Discursos apenas não convencem ninguém. De onde viriam os recursos para bancar todos esses projetos e políticas sociais? O Brasil gasta hoje, 49% de seu Orçamento Geral da União com despesas com a dívida interna. Somente em 2016, foram destinados do Orçamento federal a impressionante cifra de R$ 1,7 trilhão para pagamento e rolagem da dívida pública federal interna. Somente de juros, o governo brasileiro pagou R$ 349 bilhões, sendo 95% para apenas quinhentos grandes investidores; banqueiros, Fundos de Investimentos e grandes Seguradoras. Números com fonte segura, o site do Tesouro Nacional.

Defendemos a auditoria cidadã da dívida com a suspensão dos pagamentos, por pelo menos dois anos, e a negociação com os grandes detentores (credores) da dívida pública. Para os pequenos investidores, pessoa física, os compromissos devem ser honrados. Essas duas decisões políticas, auditoria e suspensão temporária dos pagamentos, já seriam suficientes para liberar bilhões de recursos para investimentos importantes em saúde, educação, segurança pública e programas de geração de empregos e distribuição de renda.

Durante a 2ª Guerra Mundial a Europa experimentou de forma mais intensa o horror do Holocausto, introduzido por Hitler na Alemanha. Sabemos da importância da “Resistência” durante a 2ª Guerra Mundial para combater e derrotar Hitler e Mussolini. Para derrotar essas duas concepções ditatoriais, a “Resistência” foi fundamental. Não importava a ideologia, a religião ou a nacionalidade de cada um. Havia apenas um único objetivo: derrotar o nazismo e o fascismo. Para alcançar este objetivo comum, católicos, protestantes, judeus, socialistas, liberais, monarquistas, anarquistas, militares, policiais, civis, franceses, espanhóis, poloneses, soviéticos, alemães e diversos outros Movimentos e Organizações da Europa se juntaram para destruir o inimigo comum. Dentro do próprio exército alemão existiam diversos grupos de resistência que boicotavam as operações militares.

Não devemos entender a resistência como a opção de ficar inerte diante do caos iminente. Resistir não significa não fazer nada e ficar apenas olhando o tsunami, que se aproxima, destruir nossas vidas e nossas utopias. Devemos entender a resistência como o conjunto de atitudes, ações e combates em defesa da liberdade e dignidade humana. Resistir e lutar significa ir para as ruas, estar nas ruas, de forma organizada para derrotar o discurso de ódio e medo; significa derrotar a opressão, o racismo, a xenofobia, as ideias fascistas da candidatura Jair Bolsonaro.

Somente a classe trabalhadora organizada tem capacidade para superar esta profunda crise econômica e social. Mas para isso precisamos continuar a afirmar nossa opção pela civilização e a luta contra a barbárie, representada na candidatura de Jair Bolsonaro e seu partido PSL.
Por isso reafirmamos: ELE NÃO! ELE NÃO! ELENÃO!

Dia 28 de outubro, para derrotar o fascismo que está flertando com a Presidência de nosso país, vamos votar 13 – HADDAD para PRESIDENTE.

 

Foto: Ato no dia 29 de setembro. Nego Junior / Cobertura Colaborativa Esquerda Online