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Algumas considerações sobre as pesquisas: o fascismo como tendência do capital-imperialista na sua fase de financeirização

Por: Gênesis de Oliveira, do Rio de Janeiro, RJ

1° É apavorante os resultados das pesquisas pós-ato das mulheres contra o “Coiso”, eu sigo com Rosa Luxemburgo, pensado que quando a gente se move é que podemos perceber as correntes que nos prendem. Elas se mostram em 2016 e estão se mostrando em 2018.

2° Aqueles que estão encarando as eleições como um jogo de RPG, armando suas táticas, não estão levando em conta que o Bolsonaro tem, no segundo turno, independentemente de seu oponente, mais de 40% dos votos;

3° Disso deriva um problema maior, as pessoas estão votando em Bolsonaro sem fazer tática, esse voto não tem relação com a obsolescência de Alckmin, estão votando nele porque acreditam ou porque odeiam o PT;

4° Desse problema deriva outro problema, que se explicita na projeção do segundo turno entre Bolsonaro e Alckmin que mostra um empate técnico entre os dois. Isso revela que dentro da direita existe a extrema direita, ela ganhou vida própria independente da direita;

5° Isso nos leva a crer que a disputa do segundo turno não será entre direita e esquerda, mas sim entre extrema direita e uma esquerda mais centro direita. O fascismo expresso na extrema direita representa mais de 40% dos votos, mesmo disputando com a direita liberal;

6° Nossa burguesia já fez aliança com militares algumas vezes em nossa história (Estado novo e em 1964), não espere senso democrático dela, nem apoio para o segundo turno. O único progressismo que importa para ela é o do mercado.

Sobre essas considerações não cabe chamar o povo brasileiro de burro, como se esse problema fosse nosso. Esse problema não é nosso, esse problema é reflexo do atual estágio de desenvolvimento do capital financeiro, que vem espalhando barbárie ao longo do mundo. Esse irracionalismo se expressa na disputa entre Macron e Le Pen na França; na eleição de Trump nos EUA; no crescimento da extrema-direita alemã que em 4 anos cresceu mais de 10% e ocupou a 3° maior bancada no congresso. É preciso identificar a origem desse movimento para combatê-lo.

O problema do fascismo, como podem ver, não é uma criação dos países periféricos, nem do nosso povo. Ele é um problema de um determinado grau de desenvolvimento do capitalismo que vem saqueando a esperança de amplos contingente sociais, por meio do saque ao fundo público pelo capital, expressos nas expropriações de direitos que asseguram determinados padrões de reprodução social e se materializam em nossa realidade através dos:

  1. Ataque a toda e qualquer vínculo estável de emprego (Reforma trabalhista/ Lei da terceirização);
  2. Privatização dos bens e recursos naturais;
  3. Transformação de todas as parcelas de nossas vidas em mercadorias que se expressam no crescimento dos seguros privados de saúde / previdência, na privatização da educação e na habitação de interesse social como moeda de valorização do capital pelo comando das empreiteiras;
  4. Teto dos gastos públicos (PEC 55) que aprofunda as desigualdades sociais e nos conduz a passos largos e rápidos para a barbárie;

Esses elementos mistificam os reais desafios de nosso povo, que tende acreditar que o problema de suas vidas está no outro e não num sistema altamente destrutivo movido pelas grandes corporações. Essas profundas destituições de direitos nos lançam a barbárie e a desumanização, terreno fértil de proliferação de candidaturas que apresentam soluções extremistas (e fascistas) que mistificam a materialidade de nossos problemas. Há alguns anos temos dito em nossos estudos que depois da crise de 1970 se abriu uma fase histórica onde não teríamos avanços sociais, apenas barbárie. Foi aí que dissemos, socialismo ou barbárie. É lamentável que boa parte dos ditos setores progressista, movidos pela lógica da pós-modernidade, acredite que a luta de classes é coisa do passado.

Que essas eleições nos mostrem que a luta de classes continua sendo o motor da história.

 

Genesis de Oliveira é professor do curso de Serviço Social na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFFRJ), Assistente Social (UFF-Rio das Ostras),  Mestre em Serviço Social (UFRJ) e Doutorando em Serviço Social (UERJ)

Marcado como:
fascismo / le pen / trump