Os três eixos do programa neofascista


Publicado em: 26 de setembro de 2018

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Por Henrique Carneiro

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O fascismo é um fenômeno histórico e geográfico localizado. Nasceu com esse nome na Itália, na década de 1920, e levou Mussolini ao poder. Na Alemanha, na mesma época, crescia o partido nazista. O golpe de Franco, na Espanha, em 1936, impôs um regime que levou o nome do ditador. Após a derrota do nazi-fascismo na segunda guerra mundial, praticamente nenhum partido com importância e posições de poder reivindicou abertamente o fascismo e o nazismo.

Na América Latina dos anos de 1970, houve ditaduras militares brutais, mas nenhuma se assumia abertamente como de ideologia fascista. Mesmo Pinochet, talvez o pior de todas estes ditadores, não se dizia um fascista, porque aplicava o projeto neoliberal da escola de Chicago, e, em política econômica, é sabido que o nazi-fascismo foi intervencionista estatal em muitos setores, tendo Hitler chegado mesmo a nacionalizar o sistema bancário.

Ou seja, o fascismo estrito senso é algo bem diferente dos híbridos contemporâneos neofascistas. À exceção de neonazis abertos que, felizmente, ainda são ultraminoritários, ninguém está por aí com cartazes de Hitler ou Mussolini.

Isso quer dizer que não existe mais o fascismo? Não, pelo contrário! O que ocorreu foi uma adaptação dos neofascismos a novas identidades, mas o programa permanece o mesmo, e pode ser resumido em:

1) Política de ódio e ameaça de extermínio dos adversários políticos, da esquerda em geral e dos movimentos sindicais e sociais.

2) Defesa extremada do mercado e da propriedade privada contra qualquer apelo social de reforma ou diminuição de desigualdades.

3) Escolha de grupos para serem objeto de campanhas de ódio e preconceito, estigmatizando setores sociais como bodes expiatórios.

O elemento imperialista e belicoso do fascismo europeu não se repete da mesma forma em países periféricos em que governos ditatoriais são expressões claramente fascistas, mas não deixam de existir. Vide as aventuras militares e invasões ocorridas de Suharto, na Indonésia, à Pinochet, no Chile, contra vizinhos.

Disse tudo isso para afirmar que o projeto atual da extrema-direita no Brasil unificado sob o deputado capitão, que conta com uma dezena de generais em seu staff, é sim de natureza fascista, em seu programa e em sua ameaça de violência.

A misoginia, a homofobia, o racismo, o horror à cultura, o anti-intelectualismo e o irracionalismo são marcas centrais desse híbrido ideológico pouco consistente e orgânico, mas não são o que definem o seu programa econômico e político que consiste em aplicar o mais brutal plano antissocial pelos meios mais violentos, impiedosos e repressivos.

 


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