Nova greve geral paralisa a Argentina
Publicado em: 26 de setembro de 2018
Nesta terça-feira, 25 de setembro, mais uma vez a Argentina amanheceu paralisada. As principais centrais sindicais, como a Confederación General del Trabajo (CGT) e as duas Central Autónoma de los Trabajadores (CTA) convocaram uma greve geral que afetou os principais meios de transportes, como ônibus, trens, metrô e também aviões.
Embora o centro da paralisação tenha sido a cidade de Buenos Aires, foi forte também em cidades como Córdoba e Rosário. Os principais meios de comunicação, entusiastas do governo de Mauricio Macri, como Clarín[1] e La Nación[2], tiveram que admitir a força da paralisação nacional.
A esquerda sindical e socialista teve um importante papel para impulsionar cortes de rodovias e avenidas em todo país, assim como importantes atos em Neuquén, Rosário, Mar del Plata, Jujuy, Córdoba. Já as centrais sindicais, principalmente a CTA, impulsionou um massivo ato na tarde da segunda-feira (24), quando se iniciou a greve geral da CTA de 36 horas. Foram dezenas de milhares de pessoas que se manifestaram em frente à Casa Rosada contra o acordo com o FMI e contra o ajuste fiscal de Macri. Já a CGT chamou uma greve de 24 horas no dia 25, quando então a greve geral convocada pelas duas centrais se somou.
Um ajuste que não ajusta
A paralisação ocorre num momento particular da Argentina: o governo do ajuste fiscal de Mauricio Macri está no meio de uma crise cambial e forte inflação, somado a um enorme déficit fiscal. Entre agosto de 2017 e agosto de 2018 a inflação subiu 34,4%, porém a previsão é de fechar o ano de 2018 com um acumulado acima de 42%[3]. Já o dólar, no mesmo período de agosto a agosto, passou de $ 17,6 pesos a $ 38, com momentos batendo acima dos $ 40 pesos[4]. Tudo isso faz com que a política de câmbio flutuante signifique uma forte desvalorização da moeda nacional e uma perda de rendimentos importantes para a economia.
O acordo celebrado com o FMI em junho[5] não foi suficiente para barrar essa desvalorização. Mauricio Macri teve que tirar uns dias nos EUA para buscar apoio do imperialismo e suas empresas para ver como continuar sua política de ajuste fiscal. Na segunda-feira reuniu-se com Donald Trump e com empresários para “oferecer” a Argentina a esses investidores e, desde terça, está reunido com o FMI para fechar um novo “ajuste” no acordo com o fundo.
De acordo com analistas, o fechamento desse acordo e diferenças com a política cambiaria, fez com que ontem mesmo, durante a greve geral, se pedisse a demissão Luis Caputo, chefe do Banco Central[6]. De fundo, a demissão de um funcionário que tem diferenças com a política de câmbio flutuante com o FMI, demonstra a subordinação do governo Macri e do Estado Argentino as exigências do fundo e a falta de soberania à qual o país está submetido.
Pedido de prisão preventiva de Cristina Kirchner
Por outro lado, vale destacar a ofensiva judiciária contra Cristina Kirchner. Assim como no Brasil, explodiu um escândalo de corrupção no país que tem como alvo principal a ex-presidente a um ano das eleições presidenciais. A acusação contra ela, até o momento é bastante genérica. Ela é tida como “chefe de uma associação ilícita” que pedia subornos em obras públicas. O juiz, Claudio Bonadio pediu a prisão preventiva de Cristina[7], mas como ela é senadora, somente se o Senado aprovar o desaforo é que ela poderá ser presa. Por enquanto, segue o processo que, aliás, tem certa semelhança com Lula no Brasil, já que sua principal motivação é retirar Cristina Kirchner da disputa presidencial.
[1] https://www.clarin.com/politica/paro-sintio-fuerte-gobierno-previsto-convocar-cgt_0_MNTldnoOV.html
[2] https://www.lanacion.com.ar/2175601-tras-fuerte-paro-cgt-pidio-gestos-del
[3] https://rolandoastarita.blog/2018/09/15/crisis-en-argentina-salarios-moneda-y-socialismo/
[4] https://rolandoastarita.blog/2018/08/31/la-crisis-y-el-tipo-de-cambio-en-perspectiva/
[5] https://esquerdaonline.com.br/2018/06/08/argentina-volta-ao-fmi-acordo-de-emprestimo-de-50-bi-aumenta-dependencia-do-pais/
[6] https://www.lanacion.com.ar/2175641-el-acuerdo-con-el-fmi-precipito-la-renuncia-de-luis-caputo-en-el-bcra
[7] https://www.laizquierdadiario.com/Cuadernos-de-las-coimas-Bonadio-proceso-a-Cristina-Kirchner-por-asociacion-ilicita
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