Ex-presidente divulga nova Carta ao Povo Brasileiro
O PT acaba de anunciar, em Curitiba, a substituição do candidato do partido à Presidência da República, após indeferimento de Lula pelo TSE. Fernando Haddad (PT), ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da Educação, e a deputada estadual Manuela D’ávila (PCdoB-RS), comporão a chapa que terá o desafio de transferir os votos que o ex-presidente, preso há cinco meses na Superintendência da Polícia Federal, na capital paranaense, teria, se fosse candidato. De acordo as pesquisas de intenções de voto, o ex-presidente lideraria, com algo em torno de 35%. O anúncio da decisão foi feito pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann, seguido por leitura de nova “Carta ao Povo Brasileiro”, escrita por Lula.
O indeferimento pelo TSE foi decidido no dia 31 de agosto, primeiro dia da propaganda na TV. O prazo para o anúncio da substituição terminou nesta terça-feira (11). A Justiça definiu, ainda, que o PT retire do ar todas as propagandas de TV e inserções que apresentem o ex-presidente como candidato.
A substituição por Haddad faz parte da tática do PT para as eleições diante da judicialização do processo. “Não deram o direito a Lula disputar a eleição sub judice, como aconteceu com candidatos anteriores com processos julgados em segunda instância”, questionou a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, nesta terça. “Diante disso, estamos apresentando Fernando Haddad. E reafirmando a nossa aliança histórica com o Partido Comunista do Brasil, com Manuela D’ávila como candidata a vice”, completou, anunciando os nomes escolhidos para a disputa.
Também estavam presentes o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, a ex-presidente Dilma Rousseff, os líderes do partido na Câmara dos Deputados, Paulo Pimenta, e no Senado, Lindbergh Farias, e a presidente do PCdoB, Luciana Santos.
Carta de Lula
Lula iniciou a carta questionando a Justiça. “Os tribunais proibiram minha candidatura à Presidência da República. Na verdade, proibiram o povo brasileiro de votar livremente para mudar a triste realidade do país”, iniciou. Em seguida, ele se defendeu das acusações que levaram à sua prisão. “Não cometi nenhum crime e fui condenado pela imprensa muito antes de ser julgado. Continuo desafiando a apresentarem uma única prova contra mim, pois não se pode condenar ninguém por crime que não praticou”, disse.
A carta questiona ainda a judicialização e o descumprimento de decisões como as da ONU, que recomendava ao Brasil a garantia de condições para que o ex-presidente pudesse exercer seus direitos políticos.
Decisão autoritária
Lula está preso desde abril, condenado em segunda instância pelos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção passiva. Desde a sua prisão, uma série de decisões têm sido tomadas com o intuito de retirá-lo das eleições, apesar de as pesquisas o colocarem em primeiro lugar, em qualquer cenário.
Além da justiça, a mídia impediu a sua participação e de seu partido nos debates da TV e rádio e as últimas pesquisas o retiraram da lista de presidenciáveis.
Essa escalada autoritária significa a continuidade e o aprofundamento do projeto que culminou no impeachment de Dilma, na posse de Temer e na série de medidas antipopulares que atacam diretamente direitos históricos dos trabalhadores, como a Emenda Constitucional 95 e a reforma trabalhista.
O Esquerda Online, em seus editoriais, já apontou diversas vezes as críticas que possui aos governos do PT, tanto de Dilma, quando de Lula e ao projeto de conciliação defendido pelo partido como saída para o país, com, por exemplo, o erro de alianças com golpistas nessas eleições. Por isso, ajudamos a construir um outro programa para essas eleições, sem conciliação com os golpistas, que combata as desigualdades, que revogue todas as reformas de Temer e combata os privilégios de banqueiros e empresários. Construímos a candidatura de Guilherme Boulos e Sonia Guajajara, que sela uma aliança entre movimentos sociais como o MTST, a APIB, o PSOL e o PCB.
No entanto, em primeiro lugar, é preciso ter compromisso com a defesa das liberdades democráticas. O caso Lula é uma aberração jurídica seletiva, desde a prisão até a retirada de seu direito de participar das eleições. Na prática, de forma autoritária, retira o candidato líder das pesquisas e transfere a decisão de todos os eleitores para alguns homens de toga. Esse é um ataque que não se resume a um partido, mas a todos que são comprometidos com as liberdades democráticas. Por isso, exigimos a liberdade de Lula e o direito dele ser candidato.
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