As eleições mais indefinidas da nossa história recente também já se transformaram em uma das mais polarizadas. O atentado do último dia 6 de setembro fortaleceu a candidatura de Bolsonaro no seu objetivo imediato de chegar ao segundo turno. A direção do PT optou pela troca de Lula por Haddad na cabeça da sua chapa presidencial, no limite do prazo imposto pelo TSE.
O último mês de campanha chega sem que ainda possamos definir um quadro preciso. Ainda não é garantido afirmar com precisão quais as duas candidaturas que irão ao provável segundo turno.
O crescimento relativo da candidatura de Bolsonaro nas últimas pesquisas e, principalmente, o crescimento da fidelização do eleitorado que se diz propenso em votar no candidato do PSL ampliam a necessidade de lutarmos para derrotá-lo nas ruas e nas urnas.
Por isso, temos que apoiar e participar com todas as nossas forças do movimento “Mulheres Unidas contra Bolsonaro”, que constituiu um grupo no Facebook que já chega a um milhão de participantes e que agora começa organizar manifestações em todo o país, ainda antes da votação de 7 de outubro.
Outra consequência da percepção da possibilidade de Bolsonaro ir ao segundo turno é o crescimento da discussão sobre o chamado “voto útil”. Muitos trabalhadores e jovens pensam em votar já no primeiro turno num candidato que se apresenta como de esquerda e aparente ter mais chances de derrotar Bolsonaro nas urnas.
Compartilhamos do sentimento de parcela significativa do povo trabalhador e da juventude sobre a importância de derrotarmos Bolsonaro e seu projeto de extrema-direita neofascista. Essa é uma das principais tarefas da esquerda socialista brasileira também.
Portanto, a tarefa de derrotar Bolsonaro é urgente e não pode esperar. Este fato reforça ainda mais a importância do movimento iniciado pelas mulheres e também do nosso combate político cotidiano a sua candidatura ultra-reacionária.
Queremos derrotar Bolsonaro já no primeiro turno. E, infelizmente, caso vá ao segundo turno, essa luta vai seguir para impedir que um representante da extrema-direita neofascista conquiste a Presidência da República.
Entretanto, na reta final dessa campanha e quando comparecermos às seções eleitorais no dia 7 de outubro, outras tarefas e objetivos estarão “em jogo”.
Uma nova esperança de esquerda
O Brasil não pode ser explicado sem que se entenda que aqui em nosso país houve um golpe parlamentar em 2016. O impeachment fraudulento teve como objetivo a substituição de um governo de conciliação de classes fragilizado por um governo que unificasse as grandes empresas, bancos e a mídia para aplicar as reformas reacionárias e o ajuste econômicos, que tanto vêm retirando direitos sociais e atacando as liberdades democráticas da maioria do povo. É preciso um plebiscito, que revogue as reformas e ataques destes dois anos de governo ilegítimo.
Os limites evidentes dos governos do PT, em aliança com grandes empresários e setores da velha direita, são uma das grandes explicações para a abertura de uma realidade bem desfavorável e que deu condições aos golpistas para impor o governo ilegítimo. Nunca podemos esquecer que Temer era o vice da Dilma.
Boulos Presidente, uma candidatura lançada por uma frente política e social inédita, formada por partidos de esquerda como o PSOL e o PCB, e por movimentos sociais combativos como o MTST, APIB e Fora do Eixo / Mídia Ninja, representa a possibilidade de construirmos uma nova esperança de esquerda em nosso país.
A tarefa de construção desta nova alternativa, neste momento, é mais importante do que aderir simplesmente ao chamado “voto útil”, precipitando posições em eventuais cenários de segundo turno. Fortalecer essa nova alternativa será muito importante para lutarmos com mais força para superarmos o projeto de conciliação com as grandes empresas e a velha direita, defendido até hoje pela direção do PT, e para a construção de nossas lutas, em um futuro bem próximo.
Nem Haddad, nem muito menos Ciro Gomes podem representar a construção de um novo projeto político para a esquerda brasileira. O PT denuncia o golpe, mas compôs alianças eleitorais com golpistas em 15 estados. Ciro Gomes se apresenta como oposição ferrenha a Temer, mas colocou a latifundiária Kátia Abreu como vice e tentou, até o último momento, se aliar aos partidos do “centrão”, base de Temer e aliados de Alckmin.
As alianças políticas com a velha direita e os golpistas de hoje vão determinar os limites destas alternativas, caso cheguem ao governo. Vão governar aliados aos de sempre, com os representantes do que há de pior no apodrecido sistema político brasileiro, sem romper com os privilégios dos ricos e poderosos. E, o que é pior, um novo fracasso de governos de conciliação de classes pode fortalecer ainda mais o projeto golpista da extrema-direita.
Na reta final desta campanha, o Esquerda Online vai intensificar a cobertura, a construção e fortalecimento das candidaturas presidenciais de Guilherme Boulos e Sônia Guajajara. Chamamos o povo trabalhador, a juventude, os oprimidos e os ativistas que estão na luta contra os “50 tons de Temer” a não optar pelo “voto útil”. E, nesse momento, e nas eleições de 7 de outubro, fortalecermos conjuntamente uma nova alternativa de esquerda e socialista, votando Boulos 50 para Presidente. Vamos, sem medo de mudar o Brasil!
FOTO: Mídia Ninja
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