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BRASIL

O Partido Novo que de novo não tem nada

Por: Gabriel Santos, de Maceió/AL
Reprodução Facebook

João Amoêdo, 55 anos, é um banqueiro, formado em engenharia e administração de empresas, ex-diretor-executivo do Banco BBA Creditanstalt,  vice-presidente e membro do Conselho de Administração do Unibanco, e do Conselho de Administração do Banco Itaú BBA. Amoêdo é um dos fundadores do Novo, partido pelo qual concorre a Presidência da República.

Em 2011, junto de outras 180 pessoas, a maioria banqueiros e empresários, surgiu a ideia de fundar o Novo, que foi oficialmente registrado do TSE em 2015. Nas eleições do ano seguinte, em 2016, o partido conseguiu eleger quatro vereadores (Porto Alegre, São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro) e, nas eleições deste ano, lançará candidatos aos governos de quatro estados (MG, SP, RJ e RS) e o Distrito Federal. A meta, de acordo com Amoêdo, é eleger 35 deputados federais. Um número grande e significativo, que colocaria a legenda recém criada de fato na vida política brasileira.

Além de Amoêdo, que tem um patrimônio declarado de R$ 455 milhões, outro fundador do Novo foi o também engenheiro Ricardo Coelho Taboaço, que construiu sua carreira no alto escalão de instituições financeiras, sendo diretor do Grupo Icatu e vice-presidente do Citibank.

Amoêdo busca em suas entrevistas pintar o Novo como um partido feito e construído por cidadãos, por gente comum, insatisfeita com os altos impostos, com os péssimos serviços públicos e que resolveu se juntar. De “comum”, os fundadores do Novo não tem nada. São ricos e milionários, banqueiros e grandes empresários, que cresceram na vida através do lucro e da exploração que os bancos impõem ao povo trabalhador. Os bancos lucram loucamente, e ainda pagam menos impostos do que os trabalhadores assalariados.

Podemos ter certeza que combater o privilegio que o 1% da população tem, enquanto 99% dos brasileiros sofrem com a crise econômica, não é e nunca será uma proposta do Novo.

O Partido Novo foi criado para representar aqueles que sempre estiveram muito bem representados nos governos brasileiros, com as velhas ideias e velhos privilégios. Apresentar-se como novidade é justamente uma tática para atrair o eleitorado cansado e desiludido com a política e os partidos tradicionais. Empresários e banqueiros que enriqueceram às custas do povo e à sombra da velha política, que nasceram, cresceram e enriqueceram dentro do sistema, tentam agora se apresentar como candidatos anti establishment.

Amoêdo tem se gabado que o partido abriu mão do Fundo Partidário, usando isso como um exemplo de honestidade da legenda. Mas digamos e convenhamos, quem precisa do Funda Partidário quando se tem milhares de reais vindos do bolso dos próprios membros? Dinheiro para o Novo não é problema.

Apesar de defender a “liberdade individual”, o Novo se mostra bastante conservador nos costumes e em temas como a descriminalização do aborto. Além disso os defensores da liberdade também não têm vergonha de pregar o ódio quando necessário – um de seus principais candidatos a deputado federal, ex-assessor de Alckmin, tem como propostas a legalização do posse de armas para combater grupos de esquerda e o MST.

Apesar de pronunciada com um linguajar atualizado (“diminuir a intervenção do Estado na economia para dar mais protagonismo aos cidadãos”), se traduzidas, as propostas do Novo são exatamente as velhas propostas privatizantes do PSDB e de ajuste fiscal do PMDB, fazendo com que o povo pobre sofra com as privatizações e com o efeito da crise econômica, gerando lucros para os empresários.

Para o Novo o mercado magicamente resolveria os problemas criados por um Estado malvado e gerador de problemas econômicos. O Novo traz o projeto neoliberal velho, fracassado e que foi rejeitado nas urnas pelos brasileiros desde 2002.

O Novo não se assume de direita, mas também não fala que é de “centro”, a denominação da moda na política brasileira. O partido diz que no campo econômico é liberal, tentando se apresentar como uma versão jovem e disposta do neoliberalismo. Mas ao mesmo ganha filiados e políticos vindos do PSDB, entre eles Gustavo Finco, ex-presidente do Banco Central no governo FHC e presidente do Instituto Millenium, e de outros partidos como PP, DEM, ou oriundos de movimentos como o Livres, MBL, Endireita Brasil e Vem Pra Rua.

O partido Novo de novo não tem nada. É só uma nova máscara e plumagem para os tucanos envergonhados ou para os neoliberais que agora não têm vergonha de propor a privatização de todos os serviços públicos do Brasil.

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