Nesta terça-feira (14), completaram-se cinco meses do covarde assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL/RJ) e de seu motorista Anderson Gomes. O luto ainda pesa nos corações de milhares de militantes e ativistas de todo o país, ao passo que as investigações seguem inconclusas, sem que as autoridades ofereçam explicações definitivas quanto ao motivo e aos responsáveis pela brutal execução.
A principal linha de investigação da Polícia Civil, de que se tinha notícia, articulava o assassinato ao interesse de milícias. O vereador Marcelo Ceciliano e o miliciano Orlando da Curicica haviam sido implicados no crime por uma testemunha. Orlando se encontra preso, no Rio Grande do Norte.
As notícias da última semana sugerem, contudo, suspeitas ainda mais sinistras. A própria cúpula parlamentar do PMDB na Alerj, presa por efeito da operação Lava Jato, está sendo investigada, suspeita de participação no crime. Edson Albertassi, Paulo Melo e Jorge Picciani poderiam ter seu envolvimento ensejado pela busca de uma vingança contra Marcelo Freixo (PSOL), o grande opositor do grupo na Casa Legislativa.
Ambas as hipóteses investigadas sugerem a participação de um consórcio envolvendo crime organizado e agentes de Estado, inclusive de cargos eletivos. É o que o próprio ministro da segurança pública, Raul Jungmann já reconheceu publicamente. É um passo além do endurecimento do regime político. No Rio de Janeiro da intervenção militar, os parlamentos estão ocupados por gangsters – e, aparentemente, isso não é só uma metáfora.
O assassinato de Marielle e Anderson estará para sempre guardado na história, inscrito na escalada autoritária que teve forte inflexão no Brasil após o golpe parlamentar de 2016. Honrar a memória, exigir apuração e lutar por justiça é tarefa de toda a esquerda socialista deste país.
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