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EDITORIAL

Diário feminista de viagem: segundo dia na Argentina

Por: Amanda Menconi Hornhardt, de Buenos Aires, Argentina

Acordei cedo, na verdade, nem queria ter dormido. Queria “lá calle”, lugar onde fazemos girar a roda da história. No metrô, cada pañuelo verde que eu via, fazia com que eu me lembrasse infinitas vezes que não estava sozinha. Caminhei até o Congresso, onde encontrei um pañuelazo chamado pelo MST. Confesso que senti saudade do ritmo funk das nossas palavras de ordem, mas, de fato, o ritmo portenho não é menos alegre. Ficaram por horas cantando e tocando… “Posso tocar também?”, pedi, não resisti. Saquei meu agogô da mochila e a mescla de ritmos me lembrava que somos latino americanas.

Nos olhos de cada uma daquelas lutadoras, via as lutadoras que conheço. Conversei com militantes diversos, sobre a luta LGBT, sobre a luta dos professores primários… Me deram um mastro pra eu levantar o estandarte da Resistência bem lá no alto, junto das outras bandeiras.

Depois, sem que eu tivesse pedido ou pensado, me chamaram para falar no microfone. Que susto! Ativei meu “portunhol” sem tempo de sentir vergonha e percebi que não é tão difícil estabelecer a comunicação entre corações que pulsam ritmados na mesma luta. Depois, fui para o segundo pañuelazo em meio à greve dos professores da UBA (Universidad Buenos Aires), no prédio das Ciências Sociais. Estava simplesmente em casa.

Entrevistei as professoras Lucila D’Urso, do Partido Obrero, e Jorgelina, do La Caldera, sobre a relação entre a luta pela educação e a luta pela legalização do aborto. Afinal, todas queremos educação sexual para escolher, métodos contraceptivos para não engravidar e aborto legal, seguro e gratuito para não morrer. Viva a luta internacional das mulheres! Amanhã tem mais!