Aproxima-se o 10 de agosto, o Dia do Basta, uma data de mobilizações e paralisações da classe trabalhadora, convocada pelas centrais sindicais, contra o desemprego, a alta nos preços do gás de cozinha e dos combustíveis, a retirada de direitos, as privatizações e os ataques às liberdades democráticas colocados em prática pelo governo golpista de Michel Temer e seus aliados no Congresso Nacional.
O dia de luta está sendo convocado de forma unitária pelas centrais sindicais – CUT, CSP-Conlutas, Intersindical, Força Sindical, CTB, NCST, CGTB, UGT e CSB. Somaram-se à convocação as Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo.
Será um dia para os trabalhadores demonstrarem indignação, força e disposição de luta diante dos ataques que temos sofrido. As medidas aprovadas por Temer e o Congresso, como o corte de investimentos em áreas sociais, a reforma trabalhista, a lei das terceirizações, começam a ser sentidas na pele.
O desemprego atinge patamares históricos: a última taxa registrada é de 12,4%, mas a chamada taxa de subutilização da força de trabalho, que soma os desocupados, os subocupados e os que estão no desalento, ou seja, que deixaram de buscar emprego, chega a assustadores 24,7%, o que representa 27,7 milhões de pessoas. É a maior taxa já registrada. Entre os trabalhadores ocupados, 40% estão no mercado informal, sem nenhum direito assegurado.
A população sofre também com os altos preços de combustíveis e gás de cozinha, que têm sido reajustados muito acima da inflação, como resultado da política de preços da Petrobrás. Empresas públicas, como a Eletrobrás, estão sendo privatizadas, e outras estão sendo preparadas para a privatização.
O ajuste fiscal acompanha um aprofundamento dos ataques às liberdades democráticas. A intervenção militar aumentou a violência no Rio de Janeiro; Marielle Franco, vereadora socialista, que lutava contra o genocídio da população negra, foi executada e até o momento as investigações não apontaram os assassinos; Lula, primeiro colocado nas pesquisas eleitorais, está preso, sem qualquer prova.
Neste cenário, é preciso reagir antes que seja tarde demais. Professores, metalúrgicos, bancários, trabalhadores dos correios, funcionários públicos, trabalhadores dos transportes, comerciários, são algumas das categorias que estão se organizando em todo o País para construir um grande dia de mobilização. Nas principais capitais do Brasil, como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Porto Alegre, Curitiba, Fortaleza e Recife, manifestações unitárias serão realizadas ao longo do dia.
O Dia do Basta acontecerá em um momento em que importantes setores estão em luta. As mulheres saem às ruas pela legalização do aborto, contra a prisão, as sequelas e as mortes que vitimam principalmente as mulheres pobres e negras. Seguem o exemplo das nossas irmãs argentinas, que tomarão as ruas de Buenos Aires novamente nesta quarta-feira, 08, para a votação da Lei sobre o Aborto Legal.
Categorias de trabalhadores estão em luta por salários e por direitos, contra a aplicação da reforma trabalhista. Trabalhadores dos Correios devem deflagrar greve por tempo indeterminado a partir de hoje, 07/08. Também podem entrar em greve nos próximos dias os bancários, que realizarão assembleias em todo o país no dia 08/08. Metalúrgicos também estão em campanha salarial. É preciso unificar as lutas de todas as categorias contra Temer e em defesa de direitos e das liberdades democráticas.
A unidade das centrais sindicais e das Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo mostra um caminho a ser seguido. Assim como fizemos em abril de 2016, precisamos organizar a nossa classe para parar o país e dar um basta nos retrocessos. Queremos a revogação das contrarreformas, justiça para Marielle e Anderson, liberdade para Lula, o fim do genocídio da população negra, a descriminalização do aborto. Uma ampla unidade também precisa ser posta em ação contra o crescimento da extrema direita e do neofascismo, que se expressa em manifestações de ódio, ações bárbaras e na candidatura de Jair Bolsonaro à Presidência, o segundo colocado nas pesquisas.
Para reverter o atual curso dos acontecimentos, será necessária uma mobilização poderosa, permanente, unificada. Acreditamos que, além de necessário, é possível construí-la, e que o Dia do Basta pode ser um importante passo. Dia 10 de agosto, todos às ruas!
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